O modelo de cidades espraiadas se esgotou. Modelo este que considera a ‘sagrada aliança' entre a indústria automobilística e a de construção civil
O modelo de cidades espraiadas se esgotou. Modelo este que considera a ‘sagrada aliança' entre a indústria automobilística e a de construção civil onde, para morar, torna-se imprescindível a posse de carros (no plural, um carro não resolve a mobilidade familiar), que sejam confortáveis, velozes e capazes de vencer estas longas distâncias em pouco tempo. Mitificado como símbolo inconteste da liberdade individual - condição hoje dividida com as motos, razoavelmente acessíveis aos extratos mais jovens e pobres da população - o automóvel irrompe o século 21 como um dos agentes efetivos da ineficiência das metrópoles e médias cidades, promovendo custos ambientais de alta monta e aumentando tempo perdido. No dia a dia das cidades congestionadas, apenas lentamente uma parcela da população começa a se dar conta de que, com o carro individual, perde-se muito mais tempo do que com o transporte público para cumprir seus trajetos rotineiros, pagando mais por isso.
Fonte da queima cotidiana e ineficiente de incontáveis toneladas de carbono, o crescente contingente de automóveis particulares cruza nossas cidades sem que seus fabricantes, revendedores e proprietários sejam sequer indagados a respeito do impacto ambiental que causam. A questão é perguntar por que o conjunto dos automóveis fica livre de algo análogo ao Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental - procedimentos justamente obrigatórios para uma série de atividades urbanas, incluindo a implantação de linhas de metrô e de corredores de ônibus.
Neste momento os desafios urbanos na questão da mobilidade são muitos e o evento da Copa 2014 e os investimentos que virão com o PAC da Mobilidade nos colocam uma perspectiva de melhoria na qualidade de vida das cidades. A priorização do transporte público nas cidades é ponto pacífico nesta discussão e um sistema com qualidade para o usuário, reduzindo tempo de viagem e garantindo confiabilidade e pontualidade nos serviços prestados é fundamental.
Com o objetivo principal de promover a troca de experiências entre cidades para a solução de problemas dentro dos preceitos da mobilidade urbana, nos dias 19 e 21, aconteceu no Rio de Janeiro, o 18° Congresso da Associação Nacional de Transportes Públicos.
O congresso trouxe profissionais especializados que discutiram assuntos como a acessibilidade de pedestres e ciclovias, as estratégias e planejamento para soluções em mobilidade urbana e o futuro das tecnologias modais, além dos desafios para a Década de Redução de Acidentes e a mobilidade urbana na agenda ambiental - a Conferência ONU Rio+20.
O evento serviu como uma plataforma de comunicação sobre a integração tarifária e inclusão social e outra conferência tratou do tema das tecnologias aplicadas na gestão das cidades, tendo como foco o Centro de Operações Rio. Também se discutiu mobilidade urbana para a Copa e 2014, em uma oficina internacional específica; o monotrilho como meio de transporte nos grandes centros urbanos, mobilidade para cidades sustentáveis.
Foi uma boa oportunidade de debate e promoção de informações que resultarão em soluções sustentáveis e eficientes entre sociedade, mobilidade e tecnologia. Com a participação de mais de 2.000 congressistas, público este de extrema qualificação. O congresso proporcionou um encontro entre os maiores representantes e interessados no assunto, com posicionamento frente a um mercado discutido mundialmente em busca de novas opções e soluções inteligentes que demandam um amplo planejamento.
Enfim, o congresso também defendeu medidas para que o automóvel seja adequadamente taxado por sua ineficiência energética, pelo impacto ambiental, pelos acidentes que causa, sugerindo que os recursos daí advindos sejam empregados diretamente na melhoria dos sistemas de transporte coletivo para toda a sociedade.
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