``Milosevic se instalou na embaixada porque todos seus abrigos anteriores foram bombardeados. Por isso a Otan se atreveu a destruir a embaixada' assegura um motorista de taxi de Pequim, passados cinco dias do bombardeio que gerou cólera na China. ``Muito em breve vao anunciar a morte de Milosevic', acrescenta o taxista, que especula sobre os diferentes balanços divulgados depois da destruiçao da embaixada (três mortos, depois quatro mortos, e, por fim, três mortos).
Como este taxista, a grande maioria de seus compatriotas - inclusive os mais informados e abertos ao Ocidente - rejeitam a tese do ``erro' apresentada pela Otan. Noventa por cento dos habitantes das grandes cidades nao acreditam que esse ataque da Otan tenha sido acidental, segundo uma pesquisa do instituto Horizon Research.
Paradoxalmente, essa convicçao está sustentada, por sua vez, na cega admiraçao pela tecnologia ocidental e em sua atávica hostilidade em relaçao às potências estrangeiras. ``Três mísseis caíram sobre a embaixada de três ângulos diferentes. Os norte-americanos têm a tecnologia mais sofisticada do mundo. Como podiam ignorar o tipo de objetivo que buscavam?', questiona um jovem executivo de uma grande companhia petroleira ocidental.
Muitos acham que Washington quer debilitar a China porque esta naçao seria a única capaz de frear as ambiçoes hemogênicas norte-americanas. ``Querem impedir que nos convertamos numa grande potência do século XXI', explicou um estudante, durante uma das manifestaçoes ante a embaixada dos Estados Unidos em Pequim.
Desde o início dos ataques da Otan contra a Iugoslávia, os meios de informaçao chineses apresentam sistematicamente o conflito como uma ofensiva dos norte-americanos contra o último reduto de resistência contra sua influência na Europa, depois da queda da URSS.
A imprensa nao deixa de comparar a Otan com as ``oito potências imperialistas' que se apropriaram de direitos e concessoes na China do século XIX, dando a entender que, depois da Iugoslávia, chegará a vez da China.
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