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Pandemia deixa de lado outras doenças e preocupa população

Pessoas que esperavam por consultas ou atendimentos que não são urgentes tiveram de cancelar e não sabem quando serão atendidas

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
07/06/2020 | 23:00
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Nario Barbosa/DGABC


Com o aumento de casos da Covid-19, as prefeituras do Grande ABC ainda não têm data prevista para que os outros atendimentos de saúde da rede pública – como consultas, exames e cirurgias não urgentes – sejam retomados. No entanto, pacientes que tiveram cancelamento dos procedimentos temem complicações com a espera, tanto com o quadro de saúde como com a fila represada.

Desde 2015, Maria Áurea Guimarães, 61 anos, espera para realizar cirurgia de pedra na vesícula, entretanto, quando a novela pareceu estar perto do fim, a pandemia chegou e fez com que, mais uma vez, o procedimento ficasse para trás. “Todas as vezes que eu fui (na consulta), o médico me pedia um monte de exames e, até fazer todos e agendar novo atendimento, os resultados já eram considerados velhos”, relembrou Áurea.

Moradora do Jardim Alvorada, em Santo André, a dona de casa afirma que nos últimos meses antes da pandemia as coisas pareciam estar mais rápidas. “Recentemente consegui finalizar todos (os exames) e no dia 4 de abril ia ao médico para marcar, finalmente, minha cirurgia. Mas aí cancelaram e disseram que agendariam novo atendimento após a pandemia”, reclamou.

Áurea, que sofre com crises de dor, teme o agravamento do quadro. “Se atingir o pâncreas pode até levar a óbito. Tenho diabetes e outros problemas de saúde. As questões que ficam agora é quando esta pandemia vai terminar e quando eu vou conseguir consulta? Até lá, os exames já não servem, de novo”, lamentou.

Já no caso de Carla Quione, 27, o adiamento de consultas foi em dose dupla, já que, além dela, sua filha Alicia, de apenas 4 meses, também perdeu atendimento e teve de esperar mais para tomar as primeiras vacinas. “A segunda consulta da Alicia foi desmarcada e as vacinas só pude dar quando terminou a primeira fase da campanha de imunização contra gripe”, contou.

Moradora do Parque Novo Oratório, Carla conseguiu levar a pequena no posto de saúde do bairro para aplicar as doses de vacina recentemente e, aproveitando, pediu para que a filha fosse avaliada por pediatras da unidade de saúde. “Tenho acompanhado a evolução do peso e altura dela em casa”, afirmou a mãe, que também teve seus exames pós-parto adiados.

OPINIÃO
Professora responsável pela disciplina de saúde coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento destacou que é preciso que a população tenha paciência durante este período. “A recomendação está muito clara, as pessoas têm de ficar em casa. Os serviços de saúde estão avaliando cada caso individualmente”, pontuou a especialista.

Vânia ressaltou que pacientes que estejam com sintomas, devem ligar no serviço de saúde e pedir informações. “Evitar o contato é o principal. O risco de se contaminar com a Covid-19 é muito alto. Então preservar agora é a sempre melhor opção”, garantiu. “É tudo questão de por na balança. Casos que realmente precisam, estão sendo atendidos normalmente. Tem de ter consciência para não tumultuar o sistema de saúde que, por ora, está mais focado no combate à pandemia”, argumentou Vânia, lembrando que o atendimento não é negado a nenhuma pessoa.

Mudança de tomógrafo gera polêmica em São Bernardo

A mudança de lugar de um tomógrafo causou descontentamento na população de São Bernardo. Isso porque, a Prefeitura colocou o equipamento que ficava no HPSC (Hospital Pronto-Socorro Central) no recém-inaugurado HU (Hospital de Urgência) durante a pandemia da Covid-19.

Usuários da rede relataram à equipe do Diário que, desde a mudança, a espera pelo exame chega a levar até dez horas, fazendo com que o paciente passe o dia todo aguardando. Além disso, muitos reclamam de ter de ir a hospital especializado no combate ao novo coronavírus o que aumenta a chance de infecção.

A reportagem apurou que, além disso, a demora no aguardo de ambulâncias que transportam pacientes para a realização do exame tem sido muito maior, entre uma e duas horas, já que é preciso higienizar todo o espaço a cada novo trajeto.

Os pacientes afirmam que somente dois carros fazem o serviço e a demora para realização do exame de imagem acaba acumulando a quantidade de pessoas nas salas de espera, tanto no pronto-socorro aos que estão sob suspeita, como aos que aguardam pela confirmação da infecção pela Covid-19.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo informou que o tomógrafo foi transferido devido à projeto inicial de substituição da estrutura de atendimento do HPSC. Em nota, a administração afirmou que o Hospital de Urgência “fica a poucos metros de distância do HPSC e a transferência dos pacientes está sendo feita em questão de minutos, por uma ambulância exclusiva, enquanto um novo tomógrafo está sendo providenciado para o HPSC”.
 




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