Rent – Os Boêmios parecia projeto novo na carreira de Chris Columbus, diretor mais conhecido por ter o nome anexado ao cinema infanto-juvenil, sobretudo nos dois primeiros exemplares tanto da série Esqueceram de Mim como de Harry Potter. Vinha com essa disposição para dirigir a adaptação, produzida por Robert De Niro, do famoso musical da Broadway e substituir diretores que recusaram o emprego, como Martin Scorsese e Baz Lürhmann. Tornou-se projeto pessoal.

Rent, o musical teatral, intrometia as fuças na abordagem sobre a aids numa época em que a doença ainda se apresentava como peste moderna, incontrolável. Para tal, transportava para o fim do século XX os personagens e os conflitos da ópera La Bohème, de Puccini (esta, por sua vez, adaptada de romance de Henry Marger publicado em meados do século XIX). Os quatro personagens principais, amigos que dividem-se entre exigências da boemia e problemas domésticos, permaneceram.

Uma obra que preserva a coluna cervical (a adoção de botecos e salões como confessionários da desgraça), mas admite mutações nervosas, que acompanham o passar dos anos e suas alterações comportamentais. Uma obra que, em praticamente todas as versões, procura ser painel dos vícios e fragilidades do tempo que retrata. Columbus não faz mais do que isso. A propósito, faz menos, porque a sensualidade, fundamental, deve ter ficado na casa do diretor, tal é sua artificialidade.