Diarinho Titulo Coleção japonesa
Ponto alto da criatividade oriental

Netflix disponibiliza aos assinantes a maioria dos filmes animados do famoso Studio Ghibli

Luís Felipe Soares
16/05/2020 | 22:40
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Divulgação


Parte da história dos desenhos animados passa por ideias originárias da cultural japonesa. Se no mundo ocidental estúdios como Disney (de o Rei Leão, A Bela e a Fera e Frozen), Pixar (Toy Story e Divertida Mente) e DreamWorks (Como Treinar Seu Dragão e Trolls) lideram a produção, o Oriente é marcado muito pelo trabalho desenvolvido por uma empresa nascida há mais de três décadas e que prima pelo empenho artístico e filosófico em suas histórias. Trata-se do Studio Ghibli, que irá completar 35 anos em junho celebrando sua inventividade e tendo entregue ao público de todo o mundo animações que são referência até mesmo para seus concorrentes.

As obras atraem a atenção dos fãs e da crítica por misturar visuais chamativos, detalhistas e exuberantes em meio a histórias que fogem do padrão do que é meio que comum no Ocidente, muito sendo em cima de conflitos entre o bem e o mal, mocinhos/as e vilões (ãs). Enquanto a maioria dos filmes atuais aposta na computação gráfica em três dimensões, como o visto no recente Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020), o serviço do estúdio japonês se desenvolve com animação tradicional em 2D, mas de forma mais moderna e sem ter que ficar desenhando em folhas de papel.

Seu primeiro longa-metragem foi O Castelo no Céu (1986), sobre um aprendiz que encontra garota caindo do céu e viajam em busca de um lendário castelo flutuante. Um dos projetos mais famosos é Meu Amigo Totoro (1988), que conta como duas irmãs recém-chegadas ao interior descobrem que vivem perto de criaturas mágicas e guardiões da natureza. A explosão no mercado internacional veio com Princesa Mononoke (1997), aventura na qual o jovem guerreiro Ashitaka parte para a Grande Floresta dos Espíritos atrás de cura para uma maldição e seu caminho cruza com o de uma princesa criada com os lobos. A Viagem de Chihiro (2001), fábula sobre garota em mundo repleto de criaturas fantásticas e espirituais, marcou época por ter rendido ao estúdio o Oscar de melhor filme de animação.

Grande parte desse acervo estreou nos últimos meses no catálogo da Netflix. Entre fevereiro e abril, o serviço de streaming alimentou sua lista e finalizou ao disponibilizar para os assinantes 21 longas animados, todos com possibilidade de sessões dubladas ou legendadas.

Muito das ideias por trás dos projetos do Studio Ghibli trabalha com forte aspecto humano. É possível reparar que as pessoas comuns não possuem superpoderes e apresentam qualidades e defeitos. Questões como a evolução pessoal e superação diante de problemas, mesmo eles ocorrendo em situações fantásticas, conseguem fazer com que o público de diferentes idades se identifique. Detalhe que a maioria dos personagens do Ghibli é de crianças, principalmente meninas. Acaba sendo uma forma de aproximar ainda mais dos pequenos.

Hayao Miyazaki é símbolo do estúdio

A história do Studio Ghibli está diretamente ligada ao trabalho do escritor, desenhista, animador, produtor e cineasta Hayao Miyazaki. Ele é cofundador do famoso estúdio japonês e se tornou símbolo de suas produções, mesmo que nem todos os filmes sejam desenvolvidos pelo artista.

A empresa nasceu em 1985, na cidade de Tóquio, fruto de parceria com os amigos Toshio Suzuki, Isao Takahaka (1935-2018) e Yasuyoshi Tokuma (1921-2000). O primeiro longa-metragem lançado foi O Castelo no Céu (1986), que teve a história e a direção assinadas por Miyazaki.

Participou de clube de mangá no colégio e depois de discussões de literatura infantil na faculdade. Temas como guerras, ecologia e filosofia são comuns em trabalhos do artista. Eles podem ser vistos no filme Meu Amigo Totoro (1988) e no premiado longa-metragem A Viagem de Chihiro (2001). Por causa de sua grande influência no entretenimento oriental e no mundo, é considerado o ‘Walt Disney (1901-1966) japonês’. 

Aos 79 anos, Miyazaki já anunciou sua aposentadoria algumas vezes, mas sempre voltou atrás da decisão. Seu último trabalho lançado foi Vidas ao Vento (2014), que se inspira em história real para mostrar a vida de Jiro Horikoshi e como seu sonho em ser piloto de avião o leva a ser um grande designer de aeronaves.

Museu temático explora detalhes das obras

Uma celebração ao universo das histórias e em torno da produção dos filmes desenvolvidos pelo Studio Ghibli ao longo dos mais de 30 anos de atuação pode ser vista em local especial no Japão. A cidade de Mitaka, localizada a poucos quilômetros a Oeste da capital japonesa, Tóquio, tem entre suas principais atrações o Ghibli Museum, dedicado a apresentar aos fãs de todo o mundo a arte e a técnica das animações.

Inaugurado em 2001, tenta mesclar passeio lúdico recheado de referências aos diversos títulos, como bonecos espalhados por variadas áreas e detalhes de personagens na decoração, com momentos que remetem ao trabalho realizado nos bastidores, tendo desenho de storyboards originais apresentados para quem tem curiosidade sobre a parte técnica das produções.

Espaço especial no museu tenta recriar o que seria um quarto que serviria para que o roteirista e diretor japonês Hayao Miyazaki pensasse em suas histórias. O restaurante serve pratos e bebidas que aparecem nos desenhos.

O Ghibli Museum está temporariamente fechado por causa da pandemia da Covid-19 e não tem previsão de reabertura. Neste mês, o local tem postado em sua página no YouTube alguns vídeos que mostram um pouco das áreas externas e internas para atender a curiosidade dos fãs.

Consultoria de Janete Oliveira, professora assistente da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e coordenadora do projeto Elonihon – Estudos Midiáticos (para divulgar pesquisas e dados no campo do entretenimento japonês em interface com o mundo contemporânea ocidental) na Uerj.  




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