Veículos serão separados por placas pares e ímpares; prefeitos do Grande ABC cogitam aderir à restrição
Na tentativa de aumentar o isolamento físico, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou ontem regras rigorosas para o rodízio a partir de segunda-feira. A restrição agora vale pelas 24 horas – inclusive aos fins de semana – e os automóveis com placa par (0, 2, 4, 6 e 8) só poderão circular em dias pares, e os de placar ímpar (1, 3, 5, 7 e 9) só são autorizados a rodar em dias ímpares. As prefeituras do Grande ABC estudam adotar medidas semelhantes (leia mais ao lado).
A medida exclui carros de polícia, do Exército e da área da saúde, assim como os carros dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à Covid-19, que devem fazer cadastro junto à prefeitura para obter isenção. Os táxis também estarão livres e os motoristas de aplicativos terão de cumprir a nova regra. O mesmo vale aos funcionários de supermercados, pet shops, lotéricas, padarias, farmácias e outros funcionários de serviços essenciais. A circulação de motos está liberada. Quem descumprir a determinação pode ser multado em R$ 130,16, mais quatro pontos no prontuário da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Covas também destacou a volta da restrição máxima para caminhões, excluindo os que sejam para abastecimentos ou ligados à saúde. Com isso, por causa das medidas, a partir de segunda-feira serão acrescentados 1.000 ônibus em circulação na rede municipal. “Questões extremas exigem medidas extremas, com isso anuncio o retorno do rodízio de forma mais restritiva. Não dá para deixar de tomar medidas como essa, com taxas de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com mais de 80%”, anunciou o prefeito.
A medida vai interferir na rotina dos munícipes do Grande ABC. A técnica de enfermagem Fernanda Almeida Bregaida, 31 anos, mora em São Caetano e trabalha em hospital privado na Zona Sul de São Paulo. Ela avalia que a medida vai fazer com que as pessoas que saem sem necessidade fiquem em casa, mas deve piorar a rotina de quem precisa continuar trabalhando. “O número de pessoas que no dia de rodízio vão ter que optar pelo transporte público vai aumentar, o que vai gerar aglomeração em ônibus e Metrô”, opinou.
A medida também visa disponibilizar aos trabalhadores de serviços essenciais que recorrem em caso de multa. “Ficou vaga essa questão do cadastro. Não sabemos se vai ser efetivo. Com relação às multas, imagina ter que trabalhar todos os dias e levar multas diárias?”, questionou.
Já a enfermeira Letícia Abbade, 24 anos, reside em Santo André e trabalha no hospital de campanha do Pacaembu, em São Paulo. Ela utiliza o carro para trabalhar todos os dias e, em média, leva cerca de 30 minutos para chegar ao estádio. Quando era o dia do rodízio do seu veículo, optava em utilizar o carro da mãe. “A medida pode prejudicar, não só nossa chegada ao trabalho, mas, sim, em relação ao nosso cansaço, pois evito o vale- transporte para chegar em casa mais rápido e conseguir descansar”, comenta Abbade.
Na jornada de 12 horas trabalhadas por 36 horas de folga, a enfermeira avalia que no transporte público o risco de contaminação é maior. “Se pegar o transporte público, demoro mais para chegar em casa”, finaliza.
Prefeitos do Grande ABC cogitam aderir à restrição
“É notório que a gente tinha adesão maior ao isolamento antes e temos visto grande descaso, principalmente neste momento, em que estamos em estado crítico da pandemia”, avaliou o líder do colegiado, que afirmou que vai discutir com os demais prefeitos a adoção de medida semelhante em todo o Grande ABC.
Questionadas individualmente pelo Diário, algumas administrações municipais informaram que há possibilidade de copiar o esquema do rodízio da Capital, como, por exemplo, São Caetano. “Foi uma decisão corajosa do Bruno. Por que não implantá-la também no Grande ABC? É algo que pode ser estudado como alternativa para aumentar o isolamento da população”, declarou o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB).
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