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Lauro vai revogar decreto em Diadema
Por Raphael Rocha
28/04/2020 | 23:30
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André Henriques/DGABC


O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), anunciou que vai revogar o decreto que permitiu o funcionamento de algumas atividades comerciais não essenciais. A retirada oficial do decreto deve ser publicada nos próximos dias.

Na quinta-feira, a Prefeitura de Diadema editou decreto avalizando abertura de salões de cabeleireiros, manicures, esteticistas, escritórios de advocacia, contabilidade e outros. No outro dia, o Ministério Público ingressou com ação civil pública pedindo a derrubada das novas normas, argumentando que Diadema desrespeitava o decreto estadual, que veda o funcionamento desses estabelecimentos pelo menos até o dia 10 de maio.

Ao Diário, Lauro negou que o decreto fosse uma flexibilização da quarentena de combate ao novo coronavírus. Segundo o verde, a ideia era regulamentar o funcionamento e regras de higiene nesses locais, que, de acordo com ele, estão em funcionamento de forma irregular. “O contador, por exemplo, tem feito (declarações de) Imposto de Renda de portas fechadas. Há barbeiros atendendo. Quis legalizar, obrigar higiene. Jamais quis afrontar o Estado.”

“(Após derrubar o decreto municipal) Deixarei válido o decreto do Estado, atender o que diz o decreto do Estado. Vou ficar com esse (item) e acompanhar o Estado. A Justiça deu direcionamento. Qualquer coisa que eu fizer (contrário ao regulamento estadual) vou perder (judicialmente). Se o (João) Doria (PSDB, governador paulista) quiser dar mais 50 dias de quarentena, vou seguir”, disse Lauro. “Espero dele (Doria), da ciência e da medicina um plano de recuperação depois de tudo isso. Estamos salvando vidas agora, mas vamos perder muitas para frente.”

Na avaliação do MP, Diadema “não conta com estrutura suficiente e aceitável para a realização de uma flexibilização ou mitigação da estratégia de quarentena social, pois é um dos municípios com maior densidade demográfica do País e possui apenas dez leitos de UTI adulto, quatro infantil e sete neonatal”. Para melhorar esse índice, Lauro tem brigado com o Estado para aumento de leitos no Hospital Estadual Serraria ou envio de recursos para instalação de um hospital de campanha no Quarteirão da Saúde (leia mais abaixo).

Ontem, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) tornou público argumento do juiz André Mattos Soares, da Vara da Fazenda Pública, para rejeitar recurso do município para reabrir parte do comércio – foi Soares que, na sexta-feira, havia concedido pedido de liminar feito pelo MP para suspender o decreto. O magistrado sustentou que a preocupação da promotoria é válida.  

Cara de pau, diz verde sobre Estado

Acusado pelo governo do Estado de não pedir oficialmente auxílio estadual para instalação de um hospital de campanha no Quarteirão da Saúde, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), mostrou que no fim de março encaminhou dois ofícios com essa solicitação. “Vou é comprar um pote de óleo de peroba para passar na cara do governo do Estado. É muito cara de pau falar isso. Não estou brincando.”

 No dia 30 de março, Lauro assinou documento no qual pede a transformação da ala inicialmente destinada para a Rede de Reabilitação Lucy Montoro, no Quarteirão, em um hospital de campanha com 100 leitos. Na mesma carta, solicitou habilitação de leitos no Hospital Municipal, no bairro Piraporinha, para que o município pudesse receber recursos federais para manter essas camas.

 No dia seguinte, o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Diadema, Flavius Augusto Olivetti Albieri, protocolou novo ofício, reforçando a necessidade de suporte estadual para um hospital de campanha no Quarteirão.

 O Estado tem sustentado que encaminhou ao município R$ 4,2 milhões para ações de combate à Covid-19, dinheiro esse que poderia ser utilizado para construção de hospitais de campanha. Lauro argumenta, porém, que somente com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), a cidade despendeu R$ 6 milhões.

 “Eu já tinha falado lá atrás, no começo da pandemia, até em reunião no Consórcio Intermunicipal. A obra está pronta desde 2015, tudo estruturado. Há OS (Organização Social) contratada. É preciso colocar respiradores, a equipe médica e acender a luz. Não teria trabalho de colocar estrutura metálica, logística. Está tudo bonitinho. Por que as pessoas não aceitam uma sugestão boa?”, indagou o chefe do Executivo. 




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