Por causa da Covid-19, GM anuncia participação na MP do governo e Mercedes prolonga férias coletivas até maio
A GM (General Motors), que possui fábrica em São Caetano, anunciou ontem que vai adotar as medidas autorizadas pelo governo federal, por meio da MP 936, proposta anteontem e que autoriza redução de salários e jornada de trabalho. Dois dias antes, a montadora tinha recebido o aval dos trabalhadores para implementar o lay off (suspensão temporária do contrato de trabalho) por até quatro meses. A Mercedes-Benz, de São Bernardo, prorrogará férias coletivas até 4 de maio.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, a mudança acontece porque a MP é mais vantajosa que o lay-off anunciado anteriormente pela empresa. O percentual de redução do salário da maioria dos trabalhadores será entre 5% e 25%.
“Fizemos a análise que a MP é mais vantajosa porque o trabalhador não vai pagar Imposto de Renda (não há recolhimento, já que o valor recebido não é considerado salário). São as mesmas condições, porém o trabalhador consegue ter um aumento nos rendimentos, o que é crucial neste período”, afirmou o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
A medida foi anunciada aos metalúrgicos por meio de vídeo nas redes sociais. “Após dois meses vamos analisar e, se necessário, discutir novamente”, informou o sindicalista, na gravação.
Questionada, a GM informou que está avaliando junto aos sindicatos “as oportunidades estabelecidas pela MP 936, com o objetivo de adaptar as medidas aprovadas às novas regras apresentadas pelo governo. Importante ressaltar que essas medidas são emergenciais e temporárias, tendo como objetivo a preservação dos empregos”, afirmou, reiterando que continua a acompanhar a evolução do cenário e está pronta para retomar as atividades assim que for possível.
Anteriormente, a montadora cogitou a prorrogar o lay-off por até cinco meses, mas na nota divulgada ontem, afirmou que as medidas terão duração inicial de dois meses “com possibilidade de extensão, podendo ser canceladas em caso de retorno da demanda do mercado a uma situação de normalidade”.
A Mercedes-Benz, informou que tomou a decisão com base na atual situação da Covid-19 e também em razão dos impactos negativos na indústria automotiva. Inicialmente, o mecanismo seria utilizado por 20 dias, até 19 de abril. “Assim, todos os funcionários da produção e administrativos, que já estavam em casa desde 23 de março, vão permanecer em férias coletivas até 2 de maio. Previsto o retorno das atividades em 4 de maio, a depender da situação do País”, informou, em nota.
A montadora alemã afirmou que o atual cenário traz grandes preocupações com os colaboradores e também com a saúde financeira da empresa. “Neste contexto, vamos iniciar um processo de negociação com os sindicatos a fim de definir alternativas de gestão de mão de obra que possibilitem ajustar nossos atuais custos e volumes de produção à atual realidade”, afirmou a empresa, que mantém cerca de 8.500 funcionários.
O secretário-geral do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Aroaldo Oliveira da Silva, afirmou que as conversas com a Mercedes acontecem diariamente. Segundo ele, por enquanto não foi solicitada a aplicação para o lay-off ou a MP 936. “Não temos nenhuma sinalização por enquanto, mas é claro que se essa situação da pandemia se estender, isso pode aparecer em qualquer momento”, disse.
As demais montadoras da região seguem com a produção paralisada.
Sindicalistas criticam normas implantadas pelo governo federal
Sindicalistas da região avaliaram que a MP (Medida Provisória) 936 precisa garantir a participação das entidades representantes dos trabalhadores das negociações. Além disso, eles afirmam que as medidas têm de garantir os empregos por mais tempo.
“Faltam três questões: a garantia da renda líquida do trabalhador, a representação sindical, pois nenhum acordo que envolva retirada de salários pode ser feito sem sindicato, porque os trabalhadores não negociam em igualdade, e a garantia de emprego”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão.
“O sindicato é obrigado a representar os trabalhadores. E a medida precisa ser adaptada a cada região e empresa. Cada uma possui uma realidade diferente”, analisou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino Martinha.
Para ao representante dos químicos da região, Raimundo Suzart, a medida é considerada um “desastre para os trabalhadores”.
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