Economia Titulo Mercado de ações
CVC adia novamente divulgação de balanço

Resultado estava previsto para ontem, mas empresa citou dificuldades com erro contábil e Covid-19

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
01/04/2020 | 00:05
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A CVC Corp, empresa de turismo com sede em Santo André, adiou mais uma vez a divulgação das demonstrações financeiras referentes a 2019, prevista para ontem. A companhia afirmou que, devido à possibilidade de erro contábil, somado aos efeitos da pandemia do coronavírus, não conseguiu cumprir com os prazos. A medida repercutiu negativamente no preço das ações, que sofreram queda de 14,29% – a terceira maior entre todas as empresas listadas na Bovespa. Desde o início do ano, a CVC já perdeu mais de 70% do seu valor de mercado.

Em comunicado aos acionistas, a empresa não deu outra data para a disponibilização dos resultados. “Em razão da complexidade dos processos de revisão e reconciliação relacionados à contabilização dos valores acima mencionados e da apuração independente relacionada ao tema, substancialmente afetados pelos impactos operacionais da pandemia de Covid-19 nos trabalhos das equipes envolvidas e dos auditores independentes, a companhia informa que excepcionalmente não divulgará as demonstrações financeiras”, informou a CVC.

A empresa afirmou que continua trabalhando no processo de conclusão e auditoria dos números. A estimativa é que o erro contábil tenha repercussão de R$ 250 milhões.

A CVC optou por disponibilizar os valores preliminares e não auditados, ou seja, que não refletem os impactos dos problemas enfrentados. Os números mostram que o lucro líquido de operações já teve redução em relação a 2018, passando de R$ 191,2 milhões para R$ 187,6 milhões no ano passado.

De acordo com o economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti, a decisão da CVC trouxe insegurança ainda maior para os investidores. “Não é normal acontecer essa situação, mas isso não quer dizer que vai melhorar ou piorar. No passado, a Petrobras passou por situação parecida”, afirmou ele, concluindo que o quadro “repercute negativamente, porque, além do mercado nacional, a companhia possui investidores internacionais”, destacou.

A situação já repercutiu nos números da empresa no pregão de ontem. A CVC foi a terceira companhia que mais registrou desvalorização dos papéis – atrás da Kroton Educacional, que teve redução de 20,95%, e da Yduqs, dona do grupo Estácio, que caiu 17,18%. As ações da andreense tiveram queda de 14,29% e fecharam valendo R$ 11,10.

Em março, a CVC perdeu 56,32% do valor de mercado e, desde o início do ano, 74,74% . Ontem, o capital estimado da companhia girava em torno de R$ 1,66 bilhão.

Conforme o Diário vem noticiando, a empresa passa por cenário complicado desde o ano passado, puxado por derrotas comerciais e jurídicas, a crescente histórica do dólar, aumento da concorrência e a quebra da Avianca (a companhia aérea era uma das principais parceiras da operadora). A possibilidade de erro contábil foi assumida pela empresa no início deste ano e culminou com a saída do ex-presidente Luiz Fernando Fogaça, que foi substituído pelo executivo Leonel Andrade, ex-CEO da Smiles, programa de milhagem da aérea Gol.

Questionada sobre o adiamento do balanço, a CVC informou que fará “esforços para realizar a publicação das demonstrações financeiras o mais breve possível”. Reiterou que possui saúde financeira sólida e já anunciou ao mercado diversas iniciativas para a proteção do seu negócio, considerando o atual momento da pandemia. Entre elas, está a redução da jornada de trabalho em 50%, com consequente corte de salários, a partir de hoje, para todos os colaboradores, exceto em casos pontuais, e também redução de 50% de salário da diretoria executiva e conselho de administração. A empresa também suspendeu novas contratações e promoções e congelou vagas.

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