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Robinson Crusoé por Acopiara
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
23/04/2009 | 07:00
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Ainda adolescente no interior cearense, Manoel Moreira Júnior se encantou pela obra clássica Robinson Crusoé, de Daniel Defoe. Hoje, aos 48 anos e sob a alcunha Moreira de Acopiara (que homenageia sua cidade natal), o cordelista radicado em Diadema produziu uma adaptação da aventura em versos, uma das características da literatura de cordel. O livro será lançado amanhã, às 19h, em um sarau aberto ao público na Biblioteca Oliria de Campos Barros (Rua Sete de Setembro, 470, Vila Conceição. Tel.: 4055-9200), em Diadema.

O romance inglês conta a epopeia de jovem que, após sobreviver a naufrágio, permanece por 28 anos em ilha, tendo a companhia do nativo Sexta-feira nos últimos três anos. O trabalho faz parte da coleção Clássicos em Cordel, da editora Nova Alexandria, que já lançou versões de Os Miseráveis e O Corcunda de Notre-Dame.

Foi o poeta quem escolheu a obra entre uma lista que a editora apresentou a ele e a outros nove cordelistas. "Quis fazer este porque sempre o considerei uma aventura fantástica e gostaria de conduzir uma pessoa que não conhecesse a história ao original. Foi muito gostoso reler", explica. A versão de Moreira de Acopiara, produzida no ano passado, levou três meses para ser concluída."Primeiro li uma outra adaptação, depois fiz uma leitura minuciosa, com anotações, já elaborando um resumo. A partir daí, imprimi as rimas", explica.

Embora tivesse liberdade para fazer modificações no enredo, o escritor preferiu não interferir no curso do personagem de Defoe, que, antes do naufrágio, chega a se estabelecer no Brasil. "A única modificação foi passar a história para a primeira pessoa. Acredito que, por estar em uma linguagem simples, vai despertar a curiosidade dos adolescentes", afirma.

Além de obra de Defoe, Moreira de Acopiara trabalhou no ano passado na versão de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, que deve ser lançado dentro da mesma coleção até o fim do ano. Estas foram as primeiras adaptações da carreira do poeta.

Incentivado pela experiência já trabalha na pesquisa para fazer a adaptação do clássico brasileiro Os Sertões, de Euclides da Cunha. "Sempre foi meu sonho. Esta obra é uma das minhas paixões."

Trechos

Crusoé observou
Calado e pela primeira
Vez em vinte e cinco anos
Teve uma mão companheira.
Sem saber como chamá-lo,
Chamou-o de Sexta-feira.
No começo sentiu medo
Do selvagem e foi cruel;
Esquivou-se, escondeu armas,
Fez um ridículo papel,
Pois nunca se conheceu
Um amigo mais fiel.
Deu-lhe carne de cabrito
E de outros animais
A fim de que ele se esquecesse
Os costumes canibais.
Com pouco estabeleceu-se
Uma relação de paz.
A batalha agora era
Com ele falar inglês.
E foi uma luta árdua,
Mas em um pouco mais
de um mês
O selvagem já falava
Bastante e com rapidez.




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