Economia Titulo Coronavírus
Restaurantes têm queda de 50% na movimentação

Por causa da disseminação do home office e estudantes em casa, estabelecimentos da região registram menos clientes

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
17/03/2020 | 23:30
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Restaurantes do Grande ABC, que apostam principalmente na venda de refeições por quilo na hora do almoço, tiveram queda de cerca 50% na movimentação de clientes. Como a maioria depende de empresas e escolas, o trabalho remoto de colaboradores de escritórios e a recomendação para os alunos ficarem em casa por causa da pandemia de coronavírus fizeram com que o movimento despencasse. Os empresários avaliam o cenário dos próximos dias para decidir o que fazer.

Proprietário do restaurante Babbo e Família, localizado em Santo André, Danny Norgan afirmou que costuma vender cerca de 100 quilos de comida por dia. Ontem, ele comercializou 50. “E as contas continuam, não tem o que fazer. Não é uma situação para fazer promoção, porque não tem condições, é uma crise geral que todo mundo está sendo afetado. Agora é aguentar os próximos dias. Se o movimento cair mais, a gente fecha provisoriamente”, disse.

O estabelecimento, que existe há 25 anos e está há dez no bairro Jardim, descartou fazer delivery, o que podia ser uma alternativa em tempos de home office. Ele já trabalhou com a ferramenta, mas atualmente disponibiliza opções de marmitex para quem vai até o local. “Exigiria a contratação de motoqueiros ou algum outro custo e não tenho condições agora. Eu espero que o governo olhe para os pequenos empresários, se não vai quebrar o País. No ramo da alimentação, com quem é grande não acontece nada, mas para os pequenos é difícil”, afirmou.

“Mesmo assim só vou fechar em último caso, porque ninguém vai pagar as minhas contas. Porém, se amanhã (hoje) o movimento cair 60%, já não compensa manter aberto”, finalizou Norgan.

No mesmo bairro está localizado o restaurante e rotisseria Cappelletto D’oro na Rua das Monções. Durante a semana, o ponto é frequentado principalmente por trabalhadores dos escritórios do entorno e estudantes. Já aos sábados e domingo é comum observar as famílias que chegam a formar filas para o almoço. Ontem, o salão, que possui cerca de 100 lugares, tinha poucas mesas ocupadas. “Das empresas, muita gente está trabalhando em casa. Também temos clientela das escolas e o que acontecia é que as mães iam pegar os filhos, passavam aqui para almoçar e ainda levavam a marmita”, contou uma das proprietárias do estabelecimento, Marilene Vieira.

Em relação aos próximos dias, ela afirmou que as sócias ainda discutem o que fazer, mas opções como o delivery não são descartadas. “É algo que causa preocupação, porque pelo que acompanhamos nos outros países, os casos tendem a aumentar”, disse. “Estamos aqui há 17 anos. Mesmo em crises econômicas e outras situações, o restaurante estava lotado”, afirmou a empresária.

Presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação) do Grande ABC, Beto Moreira afirmou que a entidade acompanha a situação e deve ter um posicionamento até o fim da semana. Ele confirmou a queda de metade na movimentação e afirmou que os estabelecimentos que funcionam em escolas, que foram fechadas, também passam por dificuldades. “Estamos conversando com os sindicatos dos trabalhadores e verificando o que pode ser feito. Temos de fazer um acordo viável para o patrão, já que o nosso setor não vem bem, e a possibilidade de ficar até 15 dias sem faturar é muita coisa para abonar. Uma possibilidade seria o banco de horas, por exemplo”, afirma.

Shoppings da região têm horário reduzido

Os shoppings da região devem funcionar em horário reduzido a partir de hoje. De acordo com recomendação da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), os estabelecimentos localizados em áreas com casos confirmados de coronavírus devem ficar abertos do meio-dia às 20h. Para os shoppings em localizações que não tiveram nenhuma ocorrência, a evolução do assunto deve ser monitorada.

“Tal medida atende a solicitação dos lojistas e está alinhada com a recomendação do poder público para a redução de circulação de pessoas sem, todavia, paralisar totalmente as atividades econômicas, em especial os serviços de utilidade pública em funcionamento, como bancos, farmácias, laboratórios e supermercados, por exemplo”, informou nota divulgada pela associação.

Em Santo André, os shoppings ABC, Atrium e Grand Plaza vão atender à sugestão da entidade. Os dois primeiros informaram que isso deve acontecer temporariamente por conta das instruções das autoridades públicas. O Grand Plaza declarou que a mudança será por tempo indeterminado. “Algumas operações essenciais, como mercados, farmácias e restaurantes, poderão trabalhar em períodos alternativos para não comprometer o atendimento. Estamos em um momento de tomar algumas decisões que ajudem a conter a disseminação do coronavírus”, informou, em nota.

Em São Bernardo, o Shopping Metrópole afirmou que o horário alternativo é forma de garantir à população acesso aos serviços presentes nos estabelecimentos e, ao mesmo tempo, preservar empregos e minimizar o impacto econômico, sobretudo para lojistas. O Golden Square reiterou que a iniciativa visa reduzir a circulação de pessoas. Questionado, o São Bernardo Plaza não se posicionou sobre o assunto.

Em São Caetano, o ParkShopping já adotou o horário do meio-dia às 20h desde ontem. Localizado em Diadema, o Shopping Praça da Moça também funciona no mesmo período a partir de hoje.

O Mauá Plaza Shopping vai seguir a recomendação de abertura e encerramento da associação até o dia 1º de abril. “Reforçamos que, desde a última semana, o shopping já conta com uma série de medidas preventivas orientadas para seus públicos: clientes, lojistas e colaboradores. Foram promovidos reforços nos setores de segurança e limpeza”.

Toyota adota home office e Mercedes antecipa vacina

As montadoras da região continuam a adotar medidas por causa da pandemia do coronavírus. Localizadas em São Bernardo, a Toyota passou a recomendar home office e a Mercedes-Benz inicia hoje a campanha de vacinação contra a gripe.

A Mercedes afirmou que a campanha interna de vacinação contra a gripe não tem relação direta com o coronavírus, mas tranquiliza os colaboradores em casos de sintomas gripais. Além disso, a empresa tem campanhas para reforçar a importância de evitar o contato físico.

A Toyota instituiu home office obrigatório para colaboradores que estão em grupos de risco, “como diabéticos, hipertensos, portadores de problemas cardíacos, asmáticos, gestantes, pessoas com mais de 60 anos ou todos os imunocomprometidos”, informou, em nota. Nas áreas administrativas haverá revezamento.

Apenas a Scania não informou se aderiu à modalidade. As demais – Ford, GM (General Motors), Volkswagen e Mercedes-Benz – já tinham colocado o pessoal administrativo em home office.
 




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