Como é possível comemorar o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor se nos primeiros 73 dias de 2020 as unidades do Procon das sete cidades da região registraram 8.479 reclamações? Na média, são 116 queixas por dia. Se a informação for um pouco mais depurada, e os sábados, domingos, feriados e o Carnaval retirados da conta, sobram apenas 50 dias úteis. Com isso, a média da insatisfação sobe para 169,5 protestos diários. Isso sem contar outros serviços não-oficiais que estão à disposição do cidadão, principalmente via internet.
O ranking do aborrecimento tem como principal destaque os cartões de créditos e os bancos. Juros exorbitantes cobrados pelas operadoras do chamado ‘dinheiro de plástico’ e pelas instituições financeiras tiram o sossego de qualquer um. Juntos eles geraram 1.359 ocorrências no Procon.
Também merece destaque nesta lista a telefonia celular. O aparelhinho que empoderou a sociedade, dando ao indivíduo a chance de se manifestar em tempo real quando vê algo que lhe desagrada, e facilitou o acesso a diversos serviços, também é causa de dissabores. Contas altas, cobranças indevidas feitas pelas operadoras e outras falhas incomodam e fizeram com que 738 pessoas se queixassem e buscassem reparação.
Advogada especializada em direito do consumidor destaca que o desprazer do consumidor é potencializado pelo mau serviço prestado pelo atendimento das empresas. Em resumo, os robôs não são suficientemente programados para interagir com gente de verdade. Com isso, ao invés de resolver, criam novos problemas.
Outro profissional do direito que foi ouvido pela equipe de reportagem, é categórico ao dizer que não há nada o que festejar, e sim lamentar. Opinião diferente tem a responsável pelo Procon de Santo André. Apesar de todos os percalços, ela foca seu comentário na evolução das relações de consumo.
Em síntese, quanto mais o consumidor aprender a exigir seus direitos, mais as empresas terão de assumir o dever de respeitá-lo.
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