Material recém-lançado permite que deficientes visuais acompanhem todos os ritos católicos
“As pessoas com deficiência precisam ter coragem para abrir a mente de quem não conhece sobre o assunto e lutar, constantemente, por mais acessibilidade”, assinala Renato Alioti, 45 anos, deficiente visual. Ele é o responsável pela impressão dos folhetos ABC Litúrgico em Braille para a Diocese de Santo André, responsável pela região. No início dos anos 2000, o serviço era oferecido, mas foi interrompido diversas vezes até ser retomado neste ano.
A princípio, a ideia surgiu de uma paroquiana da Igreja Santíssima Virgem, em São Bernardo, que acompanhava os trabalhos da pastoral do surdo e sugeriu que os folhetos fossem feitos em Braille. “Ela e uma amiga se dispuseram a ensinar Braille para as pessoas, um voluntário aprendeu e começou a fazer as leituras (dos folhetos) da missa com uma máquina de escrever que foi doada para este fim”, explica Mariana Bonotto, 39, voluntária do setor de inclusão da Diocese de Santo André.
Entretanto, o equipamento permitia apenas uma cópia por vez e o serviço precisava ser ampliado para outras paróquias. Contudo, o custo para compra de uma impressora Braille era alto, então surgiu a ideia de procurar uma pessoa que tivesse a máquina e contratá-la para o trabalho. Assim, Alioti passou a produzir os folhetos sob demanda.
Em 2006, a Diocese conseguiu adquirir uma impressora Braille após pedido ao então bispo dom Nelson Westrupp. “A pastoral do surdo instalou, colocou em funcionamento, mapeou as pessoas que queriam o folheto, imprimiu e distribuiu. Com o tempo, a impressora quebrou e não foi possível consertar”, explica Mariana.
Posteriormente, com a criação do setor Inclusão, atualmente sob a coordenação de Luísa Maria Tavares Jardim e assessorado pelo padre Cláudio Pereira, iniciou-se nova busca por recursos para aquisição da impressora. No entanto, foi sugerido que a terceirização do serviço seria mais em conta. Foi então que Alioti voltou a produzir o ABC Litúrgico em Braille.
“Facilita muito porque podemos acompanhar as leituras e, inclusive, quem quiser pode ir lá na frente (no altar) ler a litúrgia”, assinalou Alioti. “Trouxe inclusão para a missa, podemos participar mais e até acompanhar as músicas. É uma coisa que todas as dioceses deveriam fazer.”
Para ele, o folheto em Braille ajuda a atrair deficientes visuais à igreja, porém, é o acolhimento que realmente importa. “As pessoas precisam aprender a lidar com deficientes e a melhor forma é ter contato com eles, por isso que eu digo que pessoas com deficiência não podem deixar de frequentar os lugares”, afirma.
Em sinergia, Luísa destaca que esta é uma ação para “abrir os olhos e perceber a necessidade dos outros”. “Não podemos selecionar as pessoas, deixando as necessidades dos que possuem deficiência esquecidas. O folheto representa uma ação e um sentimento de acolhimento, de sair de si e perceber a diversidade que nos enriquece e fortalece como filhos de Deus.”
O ABC Litúrgico em Braille deve ser encomendado pelas paróquias ao Centro Diocesano de Pastoral. Portanto, os interessados devem informar à igreja que frequenta para que o pedido possa ser feito.
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