O Ministério Público (MP) reabriu as investigações sobre a morte do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André, com o objetivo de descobrir se há mais mandantes e executores do crime. Para a reabertura do caso, os promotores Roberto Wider e Amaro José Thomé Filho disseram que se basearam em dois depoimentos, documentos que estariam na casa da vítima e no laudo técnico sobre a existência de um suposto terceiro carro envolvido no seqüestro do político petista. Celso Daniel foi seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002 e encontrado morto, em uma estrada de terra em Juquitiba, dois dias depois.
O Ministério Público se baseia em depoimento de um criminoso para prosseguir nas investigações. Segundo os promotores, o preso José Márcio Felício, o Geleião (fundador e ex-integrante do PCC, facção criminosa que domina os presídios de São Paulo, e que hoje está jurado de morte pelos ex-companheiros), ficou sensibilizado com o apelo da família de Celso Daniel, em abril, e procurou o MP para prestar depoimento. “Foi a primeira menção sobre os motivos da tortura sofrida pelo ex-prefeito antes de ser assassinado”, disse Wider.
Em depoimento, Geleião contou que em janeiro de 2002 cumpria pena no presídio de Bangu 1, no Rio de Janeiro, quando seu afilhado no PCC, Vladimir do Nascimento, o Mi, teria ligado e dito que precisava de um cativeiro. Na segunda ligação, dessa vez com Ivan Rodrigo da Silva, o Monstro, revelou que se tratava de Celso Daniel e que o prefeito seria torturado para revelar onde estaria um dossiê e depois morto.
Geleião disse aos promotores que tentou negociar sua transferência para São Paulo em troca dessa informação. Ligou da prisão para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e depois falou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O líder do PCC teria pedido para que a vítima não fosse executada enquanto ele negociasse sua transferência, mas não foi atendido. Geleião, atualmente, cumpre pena em presídio de segurança máxima de São Paulo.
O MP revela ter um outro depoimento, dado por testemunha protegida (identidade não revelada), além de laudo sobre a existência de um terceiro carro (um Santana branco) na noite do ataque ao prefeito, que indicariam, segundo os promotores, a existência de mais um executor. Esse possível executor, de acordo com o Ministério Público, estaria na companhia de Dionisio de Aquino Severo – acusado de participar do seqüestro e que morreu meses depois do assassinato de Celso Daniel, em uma penitenciária de Guarulhos.
Os novos documentos teriam sido, segundo o MP, o ponto de partida para Celso Daniel começar investigação individual sobre suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André, envolvendo pessoas e empresas. O envelope que continha esses documentos estava endereçado a Celso Daniel, “da parte de Gilberto”. Supondo tratar-se de Gilberto Carvalho, ex-secretário de Governo da Prefeitura de Santo André, e atual assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os promotores pretendem convidar Carvalho para depoimento informal no dia 30.
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