Coronel Helson Léver Camilli propõe ações em conjunto
com poder municipal para garantir qualidade na Segurança
Intensificar as relações da Polícia Militar com as GCMs (Guardas Civis Municipais). Essa será uma das metas que o novo comandante do Grande ABC, o coronel Helson Léver Camilli, anunciou como um dos planos de sua gestão. Para ele, o trabalho de garantir a segurança na região pode e deve ser compartilhado com o poder municipal.
"Toda ajuda será bem-vinda. Não temos como agir isoladamente. Eles são nossos irmãos. Todos temos que trabalhar juntos e planejar ações", disse.
A partir de hoje, Camilli vai se apresentar aos secretários de Segurança municipal e aos prefeitos das seis cidades que contam com o serviço. Rio Grande da Serra não possui Guarda Municipal Nos planos, estão programadas visitas às unidades das GCMs e reuniões na sede do comando regional. "Vou estudar profundamente o planejamento que tinha sido feito pelo comandante anterior (coronel Roberval Ferreira França, novo chefe da Polícia Militar paulista) e melhorar esse relacionamento", completou.
A aproximação é vista de maneira positiva para as cidades, ainda mais no ano em que os investimentos na área de Segurança serão altos. Números obtidos pelo Diário junto às prefeituras mostram que os custos em 2012 chegarão próximo dos R$ 100 milhões. Santo André, São Bernardo e São Caetano estão com a contratação de novos guardas-civis planejada e o número total de homens na região poderá crescer até 50% em relação ao atual (veja dados ao lado).
Renovação da frota de viaturas, investimento em motos e bicicletas, compra de material bélico e melhora da infraestrutura das bases e sedes são promessas das administrações municipais. Segundo Benedito Mariano, secretário de Segurança são-bernardense e coordenador do GT (Grupo de Trabalho) da área do Consórcio Intermunicipal, isso não significa que as prefeituras queiram fazer um trabalho que é de responsabilidade da Polícia Militar.
"É uma ação complementar", explicou, reforçando que as rondas têm como objetivo fiscalizar escolas e aparelhos públicos, além de fazer valer leis de limite de horário para funcionamento de bares. "Só fazendo essa parte, os municípios dão uma grande colaboração. Mas sempre que as centrais ficam sabendo de algum crime, imediatamente o 190 é acionado."
Mariano diz que convidará Camilli para participar da próxima reunião do GT de Segurança, no fim de maio, e aproveitará para fazer, mais uma vez, a principal exigência dos secretários: o aumento do efetivo da Polícia Militar no Grande ABC. Hoje, são aproximadamente 4.500 homens para as sete cidades. "Entendemos que há um deficit de até 800 policiais. Somente assim poderíamos ampliar o policiamento ostensivo. Como são poucas as delegacias que funcionam 24 horas, isso pode levar a um aumento do crime", disse.
Segundo o coordenador do Consórcio, só houve aumento de 15% no efetivo nos últimos três anos. "No mesmo período, São Bernardo aumentou em 100% o número de GCMs e conta só com 2.000 policiais militares", salientou Mariano. "Os municípios têm de solicitar o número de policiais que achar suficiente para fazer a sua segurança, já que damos enorme contribuição ao Estado, cedendo os prédios para as delegacias e batalhões", completou.
Especialista vê com ressalvas parceira entre as corporações
O trabalho não é de polícia. Mas parece. São Caetano, por exemplo, conta até com uma Ronda Ostensiva Municipal, a Romu. O coronel da reserva da Polícia Militar e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, não aprova a integração entre guardas e polícia e diz que as divisões do trabalho devem ser bem definidas.
"Há limitações, os GCMs (Guarda-Civis Municipais) não podem, por exemplo, exigir documentos e revistar as pessoas", explicou. Para ele, a ação das guardas deveria ser focada em problemas de dentro das cidades que, inevitavelmente, acabam sobrando para a Polícia Militar. "As prefeituras não podem deixar de considerar que seu poder é muito maior que o da polícia. Basta baixar decretos e estabelecer normas para que se fiscalizem veículos irregulares e assim multá-los ou apreendê-los, além de fechar bares."
O compartilhamento de ações poderia ser usado em problemas de caráter social, como briga de casais e preservação de corpos e cenas de crime. "A Polícia Militar não pode abrir mão de sua responsabilidade. E a GCM não pode ir além de sua capacidade", frisou Filho.
Outra discussão é o uso de arma pelos guardas em horário de folga. Todas as seis cidades permitem e aprovam a proposta. Para Filho, no entanto, é um risco a mais. "Um bandido mais esperto sabe que o guarda-civil municipal não teve um treinamento de polícia e pode roubá-lo. No Rio de Janeiro, a guarda não usa arma. E não há indícios de que eles tenham tido problema", completou.
Projeto prevê integração entre guardas e câmeras na fronteira
Seguindo o que o secretário de Segurança Benedito Mariano chama de ‘cultura' na região, o próximo passo para as guardas-civis municipais será a integração. Está em projeto de aprovação uma central de monitoramento regional. Como passo inicial, são 300 rádios para que as GCMs (Guardas Civis Municipais) falem entre si.
Entretanto, o projeto mais ambicioso é a instalação de portões eletrônicos. Serão 50 ao todo, com câmeras instaladas nos principais corredores de acesso ao Grande ABC, como Anchieta, Rodoanel e Avenida dos Estados, além de pontos estratégicos, como o Corredor ABD. A ideia é identificar o carro tão logo ele adentre o território.
A implantação depende de verba federal do Ministério da Justiça e ainda não tem prazo definido. "Ajudaria a diminuir a incidência de roubos e furtos de veículos no Grande ABC. Teríamos um convênio com a Prodesp (Empresa de Informática do Governo Estadual) e, com certeza, as polícias teriam acesso aos dados", completou Mariano.
Hoje, o único sinal de integração é o fato de guardas-civis municipais da região se formarem e usarem as instalações do Centro de Formação de São Bernardo, considerado o mais equipado dentro das seis cidades.
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