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Máfia napolitana sem retoque
12/12/2008 | 07:00
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Divulgação


Gomorra foi visto, e com razão, como sopro renovador para o cansado cinema italiano. Sem se definir entre o intimismo ou a retomada do político, este cinema, que já foi o melhor do mundo, parece ter encontrado via fértil nessa discussão - a seco - sobre a influência da máfia na sociedade. Ao contrário de outros diretores, Matteo Garrone livra-se de qualquer estereótipo facilitador para se aproximar dos personagens. Os membros da Camorra (a máfia napolitana) não são vistos como seres simpáticos e um tanto folclóricos, como em tantos outros filmes.

Em Gomorra são assassinos frios, tipos humanos ameaçadores e repulsivos. Ao que parece, essa escolha é feita em consonância com o livro original, que valeu ao escritor Roberto Saviano a ameaça de que seria executado "até o Natal", segundo a pia ameaça dos bandidos.

Gomorra ganhou o Prêmio Especial do Júri, em Cannes, e foi indicado pela Itália para disputar uma das vagas de finalista ao Oscar de produção estrangeira.

É duro como madeira de lei. E deve provocar comparações com Fernando Meirelles. Isso porque, como o brasileiro, também o italiano discute o fascínio que o crime desperta na infância e juventude carentes. Mas as aproximações param na semelhança temática. Estilisticamente, são bem diferentes. Se Cidade de Deus vale-se de estética ritmada, cheia de ginga e recursos de efeito, Gomorra trabalha tudo a seco. Não faz nenhuma concessão ao prazer do espectador e recusa-se a embelezar qualquer cena. À maneira coral, narra cinco histórias diferentes, dispersas por vários personagens - de imigrantes explorados a garotos que se julgam espertos e terminam muito mal. O retrato da Itália que dele emerge passa longe de qualquer cartão-postal. A classificação indicativa é 18 anos.

O filme tem pré-estréia somente neste sábado em três salas: Espaço Unibanco Pompéia 1, às 23h50; Reserva Cultural 4 , às 23h25 e Unibanco Arteplex 5, às 23h30. A estréia no Brasil está prometida para o dia 19.

Escritor - O autor do livro homônimo ao filme, o jornalista italiano Roberto Saviano, 28 anos, vive escondido e protegido por escolta policial desde 2006. A obra que lhe rendeu a ‘condenação' Gomorra (Bertrand Brasil, 350 págs., R$ 39) chega segunda-feira, dia 15, às livrarias de todo o País. O jornalista infiltrou-se na Camorra, grupo que, segundo ele, domina o porto de Nápoles aliado à Máfia chinesa, em sociedade com empresários suíços, entre outros ‘negócios'.




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