Quando leram a notícia de que a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) havia dado aval para que a Prefeitura de Santo André regulamentasse sem custos os terrenos do Centreville, alguns dos moradores mais antigos do bairro demonstraram cautela. Apesar de certo alívio, preferiam aguardar o início das assinaturas nos documentos para somente depois comemorar.

Tinham razões de sobra para ficar de pé atrás. Afinal de contas, a obtenção das matrículas dos imóveis é luta antiga, de quase quatro décadas. São 38 anos de espera e um sem-número de promessas. Nenhuma delas concretizada.

Nascido para ser um bairro de luxo, o Centreville começou a ser construído em 1973. Inicialmente seriam 539 moradias, com arquitetura em estilo alemão. Mas o projeto não vingou, principalmente porque a empresa responsável faliu. O projeto foi abandonado e famílias vindas de vários pontos da Grande São Paulo invadiram o terreno.

O tempo passou, as casas se multiplicaram e hoje são 1.187 residências cujos donos esperam pela regularização. Gente que teria de gastar entre R$ 5.000 e R$ 15 mil para colocar a situação em ordem. Não é preciso dizer que a maior parte deles não teria condições financeiras de arcar com esse custo.

Hoje a espera de parte destes cidadãos chegará ao fim. Eles receberão a documentação que lhes tornará legalmente donos dos terrenos que ocupam por muitos anos. Inicialmente vão ser entregues 55 títulos de posse. Até o fim do primeiro quadrimestre, pelas estimativas do prefeito Paulo Serra, todos estarão devidamente documentados.

Os papéis que a partir de hoje serão assinados têm enorme significado para todos os envolvidos. Representam o fim de luta histórica dos habitantes e a tranquilidade de serem reconhecidos como legítimos proprietários. Para o poder público, a marca de resolver questão que parecia ser insolúvel.