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Pancadões e sensibilidade
Do Diário do Grande ABC
23/01/2020 | 10:00
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A perda inaceitável de nove vidas no bairro de Paraisópolis, e toda a celeuma por suas causas, não pode se tornar manchete posta de lado. Obriga a sociedade à seguinte reflexão: jovens pobres têm direito ao lazer? À sociabilidade? Ao namoro? Se têm esse direito, o que fazer para que isso se torne possível? A população pobre organizou o que denominamos de pancadões noturnos ao ar livre para suprir essa necessidade. Estes, porém, incomodam outra parte da população, que quer e tem o direito de dormir, em sossego. O Estado, quando se propõe a resolver essa situação, tem como recurso primário o envio da polícia.


Na mesma cidade, em outro contexto, casas noturnas têm capacidade de oferecer divertimento somente para centenas de milhares de pessoas, aonde não há espaço para o público dos pancadões. Isso porque, para funcionarem, devem ser estabelecimentos regularizados, com bebidas de origem segura, serem fiscalizadas pela prefeitura, fiscos, bombeiros, órgãos sanitários, de proteção ao consumidor, ter funcionários registrados, obedecer a leis municipais, que exigem ‘isolamento acústico, manobristas e seguranças’, consequentemente com ar-condicionado e mais algumas dezenas de exigências.


Nesse contexto é natural que muita gente procure se divertir indo a casas clandestinas ou semiclandestinas e a locais abertos, onde não há cobrança de ingresso, que se multiplicam pela cidade e divertem multidões. De fato, há aspectos negativos nesses eventos, sendo os principais incomodar moradores das proximidades, que sequer conseguem dormir (próprio dos pancadões); consumo de bebidas batizadas ou irregulares, de alimentos sem controle sanitário; ambiente propício para a oferta de drogas ilegais etc. O conflito entre o direito de parte da população pobre ao divertimento e defesa contra alimentos e bebidas sem controle, e de outra parte dessa população ao descanso, é problema a ser resolvido pela sociedade e o Estado com uso da sensibilidade e inteligência e não pela polícia.


Talvez seja possível a transferência dessas verdadeiras festas populares para locais mais longe de moradias e com altura do som, tanto como alimentos e bebidas, sob maior controle. Certamente, as prefeituras que lidam com este problema e o Estado poderiam pensar em permitir abertura de casas noturnas sem tantas exigências, que tornam por demais elevados os investimentos e consequentemente os preços a serem pagos por frequentadores. As escolas de samba têm muito a ensinar, pois fazem grandes eventos, com multidões, mas onde seus próprios componentes cuidam da segurança dos frequentadores, onde não faltam crianças. Facilitar que organizações esportivas-sociais cuidem de organizar eventos desse tipo talvez ajude.

Percival Maricato é advogado e sócio do Maricato Advogados.

Festival de Verão
Não deveria, mas, já que se mete a promover eventos ditos culturais com dinheiro público, seria de esperar alguma coisa que preste, ao invés desse lixo apresentado em janeiro no Paço de São Bernardo. Lembro às autoridades que existe gente que gosta de boa música e até pagaria preço módico para ouvi-la.
Nelson Mendes
São Bernardo

Jovem democracia
Sem percebermos muito bem, a cada dia transferimos as competências do governo legislativo ao governo judiciário, por meio de análises, debates, pareceres etc. Alerta à população: nenhum integrante do Poder Judiciário foi escolhido pelo povo e, logo, não o representa. Bem ou mal temos toda uma estrutura legislativa, que foi escolhida pelo povo, por meio do voto. E estes senhores estão aí para nos representar, aliás, esta é a premissa número um do estado democrático de direito: votar e ser votado. O que me parece é que temos jovem democracia no mínimo doente. Vejamos: em estado democrático de direito consolidado precisamos, no mínimo, além de votar e ser votado, de imprensa livre, alternância do poder e prerrogativas constitucionais que não ameacem esta mesma democracia. No entanto, o que se vê são políticos que, em nome da liberdade democrática, enaltecem o ódio entre as classes sociais, usam de ameaças, fazem apologia à tortura. Desrespeitando a imprensa e manipulando informações, transformam o Brasil em verdadeiro barril de pólvora.
Nelson Chada
Santo André


Memória
O jornalista Ademir Medici foi bastante feliz ao publicar em sua coluna Memória (Setecidades, dia 21), neste Diário, excelente reportagem sobre o primeiro alcaide da vila Santo André da Borda do Campo, João Ramalho Cavaleiro do Rei. Ramalho ofereceu-se a vir voluntariamente ao Brasil para explorar a terra que, segundo a história, foi descoberta em 1500 por Pedro Álvares Cabral. Interessante que, segundo o texto de Medici, João Ramalho teria deixado em Portugal sua mulher, Catarina Fernandes das Vacas, grávida. Supõe-se que, como naquela época as gestantes não tinham acompanhamento médico como hoje, o marido temia que o filho nascesse durante a viagem. Outro fato interessante da reportagem é que João Ramalho acabou se unindo maritalmente com a índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá com a índia Potira. E essa união resultou no nascimento de 12 filhos e filhas. As diversas tribos indígenas foram as primeiras a ocupar este imenso território. Na Era Cabral (1500), estimava-se que pelo menos 5 milhões de índios já viviam aqui, divididos em diversas tribos, como tupi-guarani, tapuias ou macro-jê e caraíbas, estes ocupando a Amazônia. O Diário e a coluna Memória também são cultura.
Arlindo Ligeirinho Ribeiro
Diadema

Hackers e Glenn – 1
Se os hackers tivessem usado suas habilidades para saber sobre integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal), isso também interessaria ao Glenn, do The Intercept Brasil? Ele seria isentado? Glenn Greenwald, ‘os fins não justificam os meios’, pois, ao usar material de hackers, ilegal, sua fonte estava contaminada, então passou a ser cúmplice de crime ao divulgá-lo!
Tânia Tavares
Capital


Hackers e Glenn – 2
Com relação às conversas ‘roubadas’ de autoridades, a clara participação do jornalista Glenn orientando hackers não deixa qualquer dúvida. Depois de todos os nós que o STF deu no caso, tentando livrar o jornalista, alegando liberdade de expressão, é de se perguntar: é lícito jornalista cometer crimes? Como esperado, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) correu defender o tal jornalista, que apresentou mensagens roubadas somente de quem mexeu com a alta cúpula do PT, demais nomes nem chegaram a ser expostos porque, certamente, o acerto foi combinado entre as partes. E que acerto foi esse? Quanto o jornalista pagou por reportagem criminosa? O simples fato de hackers estarem presos demonstra que praticaram crimes.
Izabel Avallone
Capital

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