O papa Bento XVI quebrou novamente o protocolo nesta quarta-feira no final da audiência geral na Praça de São Pedro para saudar peregrinos chineses procedentes de Hong Kong. Pela primeira vez desde o início de seu pontificado, o Santo Padre desceu do papamóvel conversível em que viajava para falar com peregrinos chineses que estavam nas escadas da Basílica.
Bento XVI saudou e benzeu um grupo de doentes e inválidos de um centro de saúde de Hong Kong. Depois, pousou ao lado deles para fotos.
O gesto foi interpretado como um sinal da vontade de Bento XVI de se aproximar da China. Ele considera prioritário estabelecer e normalizar as relações diplomáticas entre os dois Estados. As autoridades chinesas enviaram ao Vaticano condolências depois da morte de João Paulo II no dia 2 de abril e expressaram o desejo de que a Santa Sé crie "as condições para melhorar as relações entre a China e o Vaticano".
Em seu primeiro discurso ao corpo diplomático, Bento XVI se referiu aos países com os quais a Santa Sé não mantém relações diplomáticas e manifestou seu desejo de vê-los "prontamente representados na sede apostólica".
Os contatos informais entre a Santa Sé e a China foram intensificados. O governo de Pequim quer que o Vaticano interrompa as relações com Taiwan, considerada uma província "rebelde" pela China, e se comprometa a evitar qualquer ingerência nos assuntos internos da China. A Santa Sé é o único Estado europeu que mantém relações diplomáticas com Taiwan.
Duas igrejas católicas coexistem na China. Uma delas é próxima ao regime de Pequim, tem quatro milhões de fiéis e não reconhece a autoridade do papa. A outra, clandestina, é fiel à Santa Sé e conta com cerca de 10 milhões de membros.
As relações entre a República Popular da China e o Estado do Vaticano foram interrompidas em 1951, depois que o papa excomungou dois bispos nomeados pelo regime comunista.
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