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Região teve 60 exclusões do Bolsa Família por dia em 2019

Balanço do Ministério da Cidadania aponta que 18.045 benefícios foram cancelados no ano passado

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
16/01/2020 | 23:45
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Denis Maciel/DGABC


Segundo dados do portal do Ministério da Cidadania, o Grande ABC teve 18.045 cancelamentos no Bolsa Família entre janeiro e outubro de 2019 – média de 60 por dia. No mesmo período, o benefício foi concedido a 9.904 famílias. No total, 72.427 cadastros no programa de transferência de renda estão ativos entre as sete cidades – volume 5,17% menor do que o dos dez primeiros meses de 2018.

O número de cancelamentos teve queda de 21% se comparado ao observado no mesmo período de 2018 (foram 23.083 exclusões na ocasião). Já em relação aos favorecimentos, a baixa foi de 53% na comparação com o ano anterior, quando 21.331 famílias foram beneficiadas. 

São Bernardo foi a cidade que sofreu maior impacto em 2019: 5.830 famílias tiveram os benefícios cancelados. Na sequência aparecem Santo André (4.730) e Diadema (4.248).

A dona de casa Cristina Maria da Silva, 46 anos, do Jardim Santo André, recebia o benefício até janeiro do ano passado para ajudar nas despesas dos netos Jéssica Vitória, 5, e Daniel Luiz, 2. Segundo a moradora, logo depois que o marido, Ricardo de Oliveira, 50, conseguiu emprego como auxiliar de limpeza o benefício foi cortado. “A única renda que temos é a do meu marido (R$ 1.100) e vivemos em cinco pessoas. É difícil”, lamenta.

Cristina procurou pelo Cras (Centro de Referência de Assistência Social), mas ainda aguarda retorno. “Se conseguíssemos viver com esse salário, não me importaria em cancelar. Os assistentes sociais deveriam nos visitar e conhecer nossa realidade”, observa. 

A situação da cuidadora de crianças Simoneide Barbosa, 29, do Parque João Ramalho, em Santo André, é parecida. O benefício para as filhas Beatriz César, 9, e Sofia, 2, foi cancelado no início de 2019, logo após a mãe ter conseguido trabalho. “A única fonte de renda da casa é a minha”, comenta. Agora, a cuidadora busca incluir o sobrinho Caique, 9 meses, que também vive com a família no programa. “Me ajudaria com fraldas”, destaca. 

Economista e técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Vivian Machado avalia que as gestões municipais precisam ficar mais atentas em relação às famílias beneficiadas. “É necessário buscar essas famílias e reprogramar corretamente o repasse desses recursos. Muitas famílias utilizam o benefício de forma errada e isso também precisa ser revisto”, finaliza. 




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