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Novo mínimo injeta R$ 826,6 mi na região

Correção dos R$ 6 para repor a inflação e levar piso a R$ 1.045 representa R$ 82,4 mi a mais

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
16/01/2020 | 00:01
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Andre Henriques/DGABC


Nesta semana, o governo federal anunciou o novo reajuste do salário mínimo para 2020. O valor mensal de R$ 1.045 representa R$ 6 a mais ante os R$ 1.039 divulgados em dezembro, e corresponde à correção da inflação de todo o ano passado. Por causa dessa mudança, devem ser injetados na economia do Grande ABC mais R$ 82,4 milhões no ano, totalizando R$ 826,6 milhões referentes ao incremento de R$ 47 na remuneração do piso do mercado de trabalho em relação ao ano passado (R$ 998).

A projeção foi feita pelo coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, a pedido do Diário. Anteriormente, quando o valor tinha sido reajustado em R$ 1.039, o especialista havia estimado impacto de R$ 744,2 milhões no Grande ABC.

Do total dos R$ 826,6 milhões que devem circular na economia em 2020, a maior parte será proveniente do reajuste dos benefícios previdenciários e assistenciais (R$ 539,1 milhões). Já os trabalhadores do mercado formal do Grande ABC que recebem até três salários mínimos (R$ 3.117) devem movimentar R$ 287,4 milhões.

De acordo com o especialista, a decisão do governo foi acertada, já que anteriormente havia sido considerada a projeção do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) para 2019, de 4,1%, porém, em janeiro foi divulgado que o acumulado do ano passado atingiu 4,31%.

“A Constituição prevê o reajuste pela inflação, o que mantém o poder aquisitivo do salário mínimo. Se isso não acontecesse, o consumo interno poderia cair ainda mais”, afirmou Conceição, ao destacar que, sem o reajuste de R$ 6, os segmentos que mais sentiriam a retração seriam os mercados de alimentos e bens de consumo não duráveis, como roupas e calçados. “Estes são os primeiros itens que as famílias cortam no orçamento quando há necessidade”, disse.

Porém, o coordenador do Conjuscs também ponderou que, dependendo do insumo, mesmo com o reajuste pautado pela inflação, podem ocorrer perdas. “Pode ser que ele compre menor quantidade de itens fundamentais como a carne, o gás de cozinha e remédios, que acabaram aumentando mais do que a inflação. Isso é uma situação preocupante”, assinalou.

A proteína acabou sendo a grande vilã da inflação. Isso porque o resultado de 2019 foi puxado pela alta de 6,37% no grupo alimentos e bebidas, impulsionado pelo valor da carne bovina, cujos preços dispararam 32% no mercado interno devido ao aumento das exportações para a China somado à desvalorização do real. No Grande ABC, o insumo ficou 12,6% mais caro em novembro, na comparação com outubro, de acordo com a pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

Já o gás de cozinha teve reajuste de 10% no ano passado, considerando todos os aumentos anunciados pela Petrobras.

AUMENTO REAL

Mesmo sem perdas do poder de compra do consumidor, Conceição falou sobre a importância do desenvolvimento de uma política de valorização do salário mínimo. Anteriormente, o governo considerava, além da inflação, a variação do PIB (Produto Interno Bruto) dos últimos dois anos, o que era desconsiderado só em caso de retração.

“Embora eu não esteja tão otimista que isso deva acontecer nesta gestão (do governo federal), que está mais preocupada com as finanças públicas, vamos entrar em momento de discussão de reforma tributária e talvez seja um dos elementos positivos discutir impostos para viabilizar aumento no salário mínimo, como, por exemplo, o Imposto de Renda sobre grandes heranças. Isso requer uma conversa com toda a sociedade, mas, pessoalmente, sou favorável, já que o piso do mercado de trabalho é importante motor da economia”, afirmou.
 




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