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Vingança pode estar ligada a sumiço de criança
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
07/10/2004 | 09:05
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A polícia acredita que a garota Emile Perez de Souza, 10 anos, possa ter sido seqüestrada por uma pessoa motivada por vingança à família ou raptada por um pedófilo (homem que tem atração sexual por crianças). Emile é filha do candidato derrotado a vice-prefeito de Rio Grande da Serra, Nilson Gonçalves de Souza (PL), e sumiu no dia da eleição. A menina estava com o pai na frente da EE Francisco Lourenço de Melo, na Vila Suzuki, e desapareceu após sair para tomar uma água dentro do colégio, por volta das 16h. Desde então, a família recebeu sete ligações a cobrar, a última delas feita nesta quarta de manhã. Em nenhuma o interlocutor falou.

Apesar de nenhuma linha de investigação ter sido descartada, a polícia acredita cada vez menos na hipótese de crime político. A polícia também considera pouco provável a idéia de Emile ter fugido de casa. "Ela tem só 10 anos e, aparentemente, um bom relacionamento com a família", disse o delegado Sérgio Simionato, titular da cidade. A possibilidade de seqüestro por dinheiro é investigada, mas a polícia estranha o fato da ausência de um pedido de resgate.

O desaparecimento da garota é assunto corrente em Rio Grande desde domingo. Cartazes com a foto da menina foram espalhados pela cidade. O pai de Emile é um comerciante conhecido em Rio Grande, dono de dois mercados. "A princípio, pelo horário do desaparecimento (antes do fechamento dos portões das escolas), pensei que fosse um problema político. Mas agora imagino se tratar de um seqüestro", disse o pai.

No dia do desaparecimento, Souza fazia corpo-a-corpo com eleitores na frente de uma escola, a dois quarteirões de casa. Após comer um sanduíche, Emile disse ao pai que iria beber água na escola. A partir daí, não foi mais vista por familiares.

Uma conhecida da família, a dona de casa Maria Salviano de Oliveira, 52 anos, afirmou ter encontrado a menina "andando pra lá e pra cá" dentro da escola. "Achei estranho ela estar sozinha. Disse que ia embora e, como ela me conhece e sabe que a casa dela está no caminho, falou que iria comigo."

No caminho, as duas teriam conversado sobre as possibilidades de Souza se eleger. "Deixei a menina na frente de casa e ainda a vi abrir o portão enquanto eu ia embora", disse Maria, que nesta quarta prestou depoimento na delegacia.

Segundo a mãe de Emile, Lúcia Aparecida Perez de Souza, 40 anos, sua filha não costumava sair de casa sem avisar. "Ela é uma menina aberta, me conta tudo que acontece na vida dela." Lúcia não acredita que a filha tenha fugido. Não acredita também que a vizinha Maria tenha feito mal à menina. "Ela é antiga conhecida." Vizinhos da família disseram à polícia que viram Emile no portão às 16h40, como relatou Maria.

Uma vizinha, a dona de casa Jandira Marques, 62 anos, afirmou que viu a menina ir à padaria, a 50 m de sua casa, por volta das 17h30. "Ela me disse que estava indo à padaria e eu falei que estava fechada", contou Jandira. O delegado Sérgio Simionato observou uma contradição. "A mãe disse que deu dinheiro para Emile às 14h, quando ela foi ver o pai. A versão da testemunha, de ter visto a menina às 17h30, é divergente."

Buscas - Na tentativa de encontrar uma pista concreta, a polícia afirmou que vai rastrear as ligações feitas à casa da família e buscar novas testemunhas. Dez policiais civis fazem buscas em trilhas em área da Mata Atlântica desde segunda-feira. A Polícia Militar também tem auxiliado na procura, com oito homens.

Eles priorizaram as estradas da Caracu e da Maratona, ambas margeadas de chácaras abandonadas, lugares propícios para cativeiros. A polícia reconhece as dificuldades de encontrar a menina. "É como procurar uma agulha num palheiro", comentou o delegado Sérgio Simionato.

O pai - Nilson Gonçalves de Souza, 40 anos, vive em Rio Grande da Serra desde os 8 anos. Há 20, comprou um mercado na cidade. Em 1996, foi candidato a vice-prefeito. Dois anos depois, concorreu ao cargo de prefeito, pelo PSDC, e foi novamente derrotado. Souza diz que não tem inimigos políticos. "Política nunca foi prioridade para o Nilson", disse Carlos Augusto César Cafu (PT), atual companheiro derrotado da coligação.




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