Especialistas defendem obras viárias e atenção voltada aos idosos para redução dos índices
As mortes por atropelamento dispararam no Grande ABC no mês de novembro, que teve o maior número desse tipo de acidente fatal no ano. Segundo dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo) divulgados ontem, dos 23 óbitos registrados no mês passado, 60% (14 casos) foram causados por atropelamentos. A maior parte das vítimas (nove) estava atravessando alguma rua.
No acumulado do ano, a região já contabiliza 214 mortes, 74 delas por atropelamento. Os números mostram que a maior parte dos óbitos, considerando todos os tipos de acidente (choque, colisão, atropelamento, entre outros) ocorreu no período noturno e às sextas-feiras. Homens são maioria entre as vítimas e representam 73,9% dos atingidos.
Sociólogo e consultor em educação e segurança para o trânsito, Eduardo Biavati afirma que é preciso analisar a fundo cada um dos episódios de atropelamento para identificar as características das ocorrências e verificar se há algum padrão ou se são situações isoladas. Se o acidente ocorreu na esquina ou no meio da rua, se havia faixa de pedestre e esta estava bem sinalizada; se em avenidas largas existem ilhas de refúgio, se o semáforo tem um tempo adequado para a travessia, por exemplo.
“Costumam culpar os pedestres pelos atropelamentos, mas é errado e injusto jogar para a vítima a culpa pela sua morte”, declarou. “Passa a falsa ideia de que se apenas o pedestre não tivesse sido desatento em algum momento, todo o resto está em perfeitas condições para a sua segurança”, argumentou. Biavati pontuou que as administrações municipais devem investir em medidas para tornar as cidades mais acolhedoras, como garantir calçadas onde os pedestres possam transitar de maneira segura.
O consultor lembrou que as vítimas mais frequentes de atropelamento são os idosos. Em novembro, das 14 pessoas que morreram em decorrência desse tipo de acidente, metade tinha mais de 60 anos. “Esse é um dado antigo, mas até agora não foi possível pensar campanhas eficientes para falar com esse público”, ponderou. O sociólogo defende que a abordagem deve ser feita no sentido de lembrar o idoso de que ele é importante e que existem pessoas esperando por ele, mais do que focar na mensagem de que “é preciso ter atenção”.
“Os números mostram que isso (campanha) não está funcionando. Abordagens em grupos de convivência, nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) podem ser boa estratégia para atingir esse público”, concluiu.
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