Nacional Titulo Durante ação da PM
Nove pessoas morrem pisoteadas durante um baile funk em Paraísopolis

Confusão começou após a chegada da Polícia Militar no local para uma ação de controle

01/12/2019 | 12:55
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Wikimedia/Divulgação


Nove pessoas foram pisoteadas durante um baile funk na comunidade de Paraísopolis, na zona sul de São Paulo, na madrugada deste domingo, (1º).

A confusão começou após a chegada da Polícia Militar no local para uma ação de controle de distúrbios civis. De acordo com as autoridades, a festa abrigava cerca de cinco mil pessoas.

A Secretaria Municipal da Saúde, por meio da Autarquia Hospitalar Municipal, informou que dez pessoas, que estavam nesta ocorrência, deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento e no Pronto Socorro do Hospital do Campo Limpo.

LUGAR ERRADO

A vendedora Maria Cristina Quirino Portugal estava com raiva do filho Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos. Ele havia saído para trabalhar na tarde do sábado (30), e até a manhã do domingo (1º), não havia dado notícia. A informação do seu paradeiro veio do pior modo possível: o hospital telefonou informando sobre a morte do jovem em tumulto no baile funk de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. 

Moradora do Limão, na Zona Norte, onde vive com os quatro filhos, Maria Cristina não entendeu como o filho foi parar em um baile funk tão longe de casa. "Ele saiu para trabalhar e não voltou. Até eu receber a ligação do hospital, eu estava brava com ele e isso só passou quando o vi gelado no IML (Instituto Médico-Legal)", disse a mãe da vítima, em frente ao 89º Distrito Policial (DP), onde o caso está sendo investigado. Ela acredita que era a primeira vez que o filho, que era auxiliar de serviços gerais em uma loja de tapetes, tinha ido a esse baile.

Maria Cristina contou que cresceu na Brasilândia, na zona norte, onde a muvuca de bailes funks a incomodava bastante. Sobre a ação policial, porém, acredita que poderia ter sido feita de forma a evitar a confusão. "Nasci e cresci em periferia e sei que nem todo mundo ali é bandido. Ao contrário. Sou a favor da polícia, mas isso que aconteceu não poderia ter acontecido, sou cidadã. A estratégia tem de ser diferente, sem bala de borracha, sem gás. Tem de acabar com os bailes antes de começarem. Caso contrário, outras mães vão perder seus filhos", disse.

O corpo do seu filho, contou, não tem nenhuma marca mais expressiva que pudesse explicar a morte, como alguma perfuração de tiro, o que para ela torna plausível a explicação de pisoteamento. "Não tem marca de nada, mas ele não conseguiu se defender", lamentou. "Estou vazia. Ele estava no local errado, na hora errada."

Ela classificou o temperamento do filho, a quem chamou de teimoso, como difícil e problemático na escola. Por faltas, foi desligado de um colégio, mas a mãe tentava uma nova vaga em outra instituição. Para o futuro, seu plano era se alistar no Exército. "Cansei de falar para deixar de andar com más companhias, mas não adiantou."




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