Setecidades Titulo Em Diadema
Alunos se mobilizam contra o feminicídio

EE Miguel Reale, no Jardim Inamar, apresenta para a comunidade trabalhos sobre a temática

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
30/11/2019 | 07:00
Compartilhar notícia


 Cerca de 60 alunos – entre o 8º ano do ensino fundamental e ensino médio da EE Miguel Reale, em Diadema, apresentam, na segunda-feira e terça-feira, resultado de projeto de quase um ano, que reúne dança, teatro, poesia, música, sala temática e seminários sobre o feminicídio.

O assunto, que surgiu durante roda de conversa promovida pelo professor de história e geografia Mario Joaquim de Souza com turma de 8º ano, acabou envolvendo toda a comunidade escolar e ultrapassou os muros da unidade de ensino, com apresentações na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e na rede municipal de Diadema.

Os alunos pesquisaram sobre o tema, passando pelos diferentes tipos de violência – física, verbal, psicológica e patrimonial. O projeto foi batizado de Feminicídio, o Último Degrau da Violência Contra o Gênero Feminino. Ao lado de Souza, o professor de matemática Ariston Augusto dos Santos Júnior colaborou para a formatação da iniciativa.

“Entrei achando que era o meu projeto e, ao longo do percurso, entendi que é o nosso”, relatou, emocionado. O sentimento de pertencimento é partilhado pelos alunos que têm se dedicado aos ensaios e a lidar com os conflitos que um trabalho em equipe apresenta. “Percebi que, quando as pessoas se juntam, a gente consegue muito mais”, destacou Rafaela Isaías, 14, aluna do 8º ano.

A identificação com a violência doméstica, fase que antecede o feminicídio, também ocorreu para muitos deles. Estudante do 1º ano do ensino médio, Luiz Costa, 15, explicou que foi por meio do projeto que entendeu o que significa feminicídio – agravante para crime de homicídio contra mulheres quando é motivado por questões de gênero –, mas que conhecia na prática a violência. “Infelizmente, muitas vezes vi meu pai agredir a minha mãe”, relatou.

Julia Rodrigues, 15, destacou que não só aprendeu sobre feminicídio, mas também sobre que tipo de comportamento não está disposta a admitir em seus relacionamentos. “Esse projeto nos ensinou coisas que vamos levar para a vida, para nossos filhos, para sempre”, pontuou.

Coordenadora dos anos finais do ensino fundamental, Rosyane Figueiredo destacou que é emocionante assistir às crianças que chegaram aos 11 anos na escola se transformando em adolescentes engajados e conscientes. A EE Miguel Reale fica na Rua Açucena, 385. As apresentações ocorrem das 8h30 às 12h20.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;