Setecidades Titulo Caso Lucas
Exame de DNA teve início seis dias após coleta

Material de corpo encontrado em represa de Santo André chegou à Polícia Científica na quarta

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
22/11/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 A Polícia Científica de São Paulo levou seis dias para dar início ao exame de DNA em material genético coletado do corpo que foi encontrado em uma represa no Parque Miami, em Santo André, cujas características são semelhantes às do menor Lucas Eduardo Martins dos Santos, 14 anos, desaparecido desde 12 de novembro. O atraso frustra as expectativas da família e da defesa, de que o resultado, que pode ajudar a desvendar o caso, fosse divulgado na próxima semana. Com um prazo de dez a 12 dias, a conclusão só deve ser conhecida em 4 de dezembro.

Ouvidor da PM (Polícia Militar) do Estado, Benedito Mariano relatou em entrevista ao Diário que tanto a amostra do corpo encontrado quanto da mancha (aparentemente de sangue) localizada no banco de uma viatura da PM que pode ter envolvimento no caso, além do material cedido pelos familiares de Lucas para a comparação, só foram enviados à Polícia Científica na quarta-feira, feriado da Consciência Negra. 

Mariano afirmou que vai pedir celeridade nos processos e que espera que o resultado possa ser divulgado até o fim do mês. “Estive nesta manhã (ontem) com o diretor da Polícia Técnico-Científica. O material só chegou ontem (quarta-feira) e pedimos agilidade para os dois exames, tanto o da viatura quanto do corpo”, pontuou.

Advogada de defesa da família, Maria Zaidan lamentou o atraso no envio do material. “Foi tudo colhido no dia 15, jurava que os exames já haviam começado”, afirmou. 

Já o integrante da Comissão de Igualdade Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Helton Fesan, afirmou que espera que a demora na entrega do material seja compensada pela celeridade na obtenção dos resultados. Para a integrante da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio Ingrid Limeira, que acompanha as investigações, a lentidão pode gerar a desmobilização das pessoas e da opinião pública em torno do caso.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou, por meio de nota, que o SHPP (Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Santo André segue investigando o caso, que está sob sigilo. “A PM também apura os fatos por meio de IPM (Inquérito da Polícia Militar). Os exames periciais estão em fase de elaboração e serão analisados pela autoridade policial tão logo sejam concluídos”, relatou o comunicado. A pasta não explicou, no entanto, por que o material levou cinco dias para ser enviado para análise.

ENTENDA O CASO

O adolescente Lucas Eduardo Martins dos Santos saiu da casa de uma tia, por volta de 1h30, na favela do Amor, região da Vila Luzita, em Santo André, na madrugada do dia 12 de novembro. Foi até a casa onde vive com a família, na mesma favela, e saiu para comprar refrigerante em um bar. Não foi mais visto desde então. 

Segundo boletim de ocorrência registrado no 6º DP (Vila Mazei), a família deu falta do garoto após PMs (Policiais Militares) baterem no portão da residência perguntando quem morava lá. Um morador de rua teria afirmado que viu os agentes batendo em uma pessoa em área próxima ao local de desaparecimento, mas não soube precisar se seria Lucas. A mãe do adolescente declarou que teria ouvido o garoto responder “eu moro aqui”. 

Dois policiais do 41º Batalhão de Santo André estão afastados do trabalho nas ruas. Familiares e amigos têm realizado, quase diariamente, protestos perto da favela para chamar a atenção para o caso e cobrar esclarecimentos. 

Na terça-feira, a mãe biológica de Lucas, Maria Marques Martins dos Santos, foi presa. Ela estava foragida desde 2017, quando foi condenada pela Justiça pelo crime de tráfico de drogas. Desde o sumiço do filho, ela vinha se apresentando como madrasta do garoto na tentativa de evitar sua prisão.




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