Pelo menos cinco residências e alguns estabelecimentos comerciais localizados na altura do número 3.800 da avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Progresso, em Santo André, foram castigados pela chuva que caiu na tarde de terça-feira. Segundo os moradores, a enchente atingiu os imóveis porque o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) construiu em outubro um muro de contenção, quando finalizou as obras de canalização do córrego Cassaqüera, que passa pela região.

De acordo com os moradores, nas temporadas de chuva dos anos anteriores, a água atingia, no máximo, 5 cm. Na quarta-feira, eles foram surpreendidos com mais de 1 m de água dentro de suas casas. “Virou um imenso rio. Nunca aconteceu de encher assim antes. E tudo por causa da obra que o Semasa fez no córrego”, diz a instrutora de auto-escola Adriana Gonzales Ruiz, 25 anos.

A dona de casa Amélia Fernandes de Almeida, 66 anos, moradora do bairro há 40 anos, afirma que nunca viu ocorrer uma enchente tão grande como a de terça-feira. “Sempre que chove a gente se preocupa, mas nunca aconteceu como ontem (terça). Estragou tudo o que tinha em casa. Não sei nem como terminar de tirar a lama”, diz.

Drama pior viveu a ajudante de cozinha Célia Ângela Gomes Vieira, 29 anos. Ela dormia quando a chuva começou e não viu sua casa ser invadida pelas águas. “Quando percebi, a água já estava na minha cama. Comecei a gritar por socorro. Os vizinhos arrombaram a porta para me tirar daqui. Tudo boiava. Perdi televisão, colchões e roupas”, relata. Na quarta-feira, após o susto, Célia tentava reorganizar o que restou de seus móveis. “Jamais pensei que isso fosse acontecer na minha vida.”

O aposentado Aparecido Luan, 59 anos, que trabalha com reciclagem de plástico, perdeu material de trabalho e máquinas. “A água levou tudo embora. Os motores estão queimados e o meu carro ficou com água pela metade. Não sei se vou conseguir recuperá-lo.”

O Semasa nega que tenha construído o muro que os moradores da rua apontam como o responsável pela enchente. De acordo com informações da assessoria de imprensa da autarquia, as obras de contenção das margens do córrego Cassaqüera não tinham previstas a construção de um muro. A reconstrução das margens do córrego tinha o objetivo de tornar transitável a avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello.