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Governador de São Paulo encurta o Rodoanel-Sul
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
19/01/2005 | 12:00
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O governo do Estado abriu mão do projeto integral de 53 quilômetros da asa Sul do Rodoanel Mário Covas, e até o fim da gestão de Geraldo Alckmin, que termina em 2006, entregará apenas a primeira fase de nove quilômetros, que interliga a via Anchieta, em São Bernardo, à avenida Papa João XXIII, em Mauá. Os principais entraves para a conclusão total das obras, orçadas em R$ 1,95 bilhão, são as PPPs (Parcerias Público-Privada).

Com o convênio, era aguardado o investimento de R$ 1,61 bilhão, valor suficiente para bancar as duas outras fases do projeto, que interligariam a via Anchieta ao já construído trecho Oeste do Rodoanel, na cidade de Embu, junto à rodovia Régis Bittencourt. Mas, segundo o secretário de Estado dos Transportes, Dario Rais Lopes, a definição dos acordos de PPPs hoje prejudicariam a próxima gestão do governo.

“O principal problema está no trâmite para fechar as PPPs. Todo o processo é semelhante ao de uma concessão e não poderá ser definido antes de dez ou 12 meses. Ou seja, próximo do fim do mandato da atual administração”, afirmou Rais Lopes na manhã de terça-feira, em evento realizado no Palácio dos Bandeirantes. Segundo o secretário, outro agravante é longa duração do período de validade do contrato.

“Isso engessaria a próxima gestão”, disse o secretário dos Transportes. Nessa nova linha de planejamento, que encolherá a asa Sul do anel viário, o Estado descartou até mesmo o já avançado convênio de PPP com a Ecovias. O grupo, que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, principal acesso entre a Capital e a Baixada Santista, apresentou ao governo em outubro uma proposta para construir a segunda fase do Rodoanel-Sul.

A pista interligaria a via Anchieta à rodovia dos Imigrantes. A Ecovias tinha até mesmo reserva de R$ 280 milhões para iniciar no segundo semestre deste ano a construção do trecho, de 6,3 quilômetros. Mas as negociações emperraram após a concessionária impor uma série de exigências ao Estado. Na lista, estava o aumento do período de concessão do Sistema Anchieta-Imigrantes em dez anos e o ressarcimento de gastos com a construção da nova Imigrantes.

No entanto, o ponto final nas negociações para a assinatura da PPP foi a exigência da Ecovias em instalar mais uma praça de pedágio em suas rodovias. Procurada pela reportagem do Diário, a concessionária não quis se pronunciar sobre o assunto.

  

Sem-saída – Com a decisão de ‘encolher‘ a asa Sul do Rodoanel e construir apenas o trecho de nove quilômetros entre a avenida Papa João XXII, em Mauá, e a via Anchieta, em São Bernardo, o governo do Estado abre mão da interligação entre a asa Sul do Rodoanel e a já construída asa Oeste, que interliga ao longo de 32 quilômetros de extensão as rodovias Bandeirantes, Anhangüera, Castello Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt.

“Isso é lamentável. O maior volume de cargas que parte do porto de Santos (maior pólo exportador do país) segue para essas rodovias. Com isso, os problemas com congestionamentos por conta de veículos pesados na avenida Bandeirantes e na marginal Pinheiros permanecem”, afirma o empresário Flávio Benatti, presidente da Fetcesp (Federação das Empresas de transporte de Carga do Estado de São Paulo).

Apesar disso, Benatti acredita que o trecho de nove quilômetros do Rodoanel que o Estado se propôs a construir no Grande ABC será bem-vindo, pois aliviará o trânsito de veículos nas avenidas do Estado e Salim Farah Maluf. A verdade é que, sem qualquer tipo de interligação com o restante do Rodoanel, a asa Sul se torna uma espécie de avenida, uma via expressa que interligará Mauá à via Anchieta.

A expectativa do governo do Estado é começar em junho deste ano a construção do trecho, orçado em R$ 340 milhões. O dinheiro já consta do orçamento, mas o início dos trabalhos depende de um acordo entre o Ibama e o Ministério Público Federal. Uma ação obriga o Ibama a refazer o licenciamento da obra. Mesmo sem definição sobre o caso, o Estado abrirá na primeira semana de fevereiro edital de pré-qualificação de empreiteiras para construção da asa Sul.



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