Cultura & Lazer Titulo Celebração
Toca Raul

Mesmo com polêmica envolvendo nome do artista, pessoas celebram seu legado na região

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
02/11/2019 | 07:00
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Billy Albuquerque/Divulgação


Nem toda a polêmica que tem rodeado o nome do cantor e compositor baiano Raul Seixas (1945-1989), por conta de o escritor e jornalista Jotabê Medeiros ter citado em seu novo livro, Não Diga que a Canção Está Perdida – que chegou às prateleiras ontem –, que o artista poderia ter delatado o parceiro de composição Paulo Coelho à ditadura militar, fez com que os apaixonados por Raul Seixas deixassem de cultuá-lo.

E é exatamente isso o que vai acontecer hoje, a partir das 13h, nas ruas da região, com a segunda edição da Passeata Raulseixista de Mauá. A participação é gratuita. O evento, que conta com apoio da Prefeitura e do Coletivo Rock ABC, tem início a partir das 13h, com concentração na Av.Dom José Gaspar, 102 (ao lado do terminal da CPTM). Às 17h a ideia é sair caminhando pelas ruas em direção ao Parque da Juventude mauaense (Rua Francisco Ortega Escobar) e no caminho todos tocando e cantando juntos as canções mais diversas do homenageado.

E a festa não termina aí. No parque uma grande banda, montada especialmente para a ocasião e formada por músicos dos grupos Ecologia, Banda Cachorro Urubú, Banda Bagagem e pelos artistas Deni Campos, Cleber Boaro e Rony Almeida, entoará repertório do baiano. No total são cerca de 30 músicos voluntários.

Gabriela Mousse, organizadora e idealizadora do evento, diz que essa polêmica no livro citado a respeito de Raul fez com que o ‘mundo Raulseixista’ virasse de ponta-cabeça. Mas nada mudou em relação ao amor e respeito que tem pelo artista. “Penso que os fatos não batem. Até porque, na sequência (da possível delação) ambos viajaram para a Flórida e não condiz com uma situação de traição como supostamente foi divulgado”, opina. “Os fatos se tornaram sensacionalistas, mas quem conhece Raul Seixas sabe que ele nunca faria algo assim”, acrescenta.

Mauro Ross, líder da banda Ecologia, não acredita que seu ídolo delataria o amigo. “Minha opinião sobre essa confusão de o Raul ter entregado o Coelho é simples e direta. O Raul, infelizmente, não está aqui para se defender. Como morto não fala, então fica difícil. Eu, sabendo o que sei de Raul, digo que ele jamais faria isso”, afirma.

A ideia de fazer uma passeata em homenagem para Raul surgiu em conversa de Gabriela com um amigo. Ela explica que a primeira edição, realizada ano passado, foi preparada em dois meses. “Após isso, devido à repercussão, fizemos um documentário chamado Por quem os Sinos Dobram, feito pela produtora Uma Ova Filmes, de fãs do Raul para fãs do Raul, ou seja do underground. E conseguimos que o evento entrasse para o calendário de Mauá”, afirma.

A organização espera receber cerca de 2.000 pessoas, o dobro que na edição passada. Gabriela explica que a sugestão do evento é celebrar Raul Seixas “com muita alegria, tomar as ruas em clima de passeata, e passeata no melhor sentido, pois este é o único artista no mundo que recebe tal homenagem”.

A morte de Raul completou 30 anos em agosto e seu nome foi colocado em questionamento. Mas, para Gabriela, sua obra segue tão ou mais importante do que quando ele era vivo. “Hoje em dia temos muitos tributos (para ele) ao redor do País e do mundo. Tem muita gente tocando sua música por aí. Esta é a hora, local e o dia de dizer ‘toca Raul’”.




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