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Trabalho de jovens e mais velhos deve ser incentivado

Faixas etárias que representam a minoria no mercado da região irão integrar programa federal

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
26/10/2019 | 07:16
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil


O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou durante visita à China, onde se encontra para aproximar as relações comerciais, que o governo deve criar programa de incentivo à entrada no mercado de trabalho para pessoas com até 29 anos e acima dos 55 anos de idade. Na região, a primeira faixa etária corresponde a 28,2% do total dos empregados com carteira assinada (736.374 trabalhadores formais nas sete cidades), com 207.737 pessoas. Acima dos 50 anos são 130.810 profissionais (17,7%). Bolsonaro também falou, no entanto, na possibilidade de corte de direitos trabalhistas para gerar emprego.

Os números são da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério da Economia, referentes a dezembro de 2018, e tabulados pelo Diário. A maior fatia de empregados com carteira assinada na região está entre as pessoas de 30 a 49 anos, que totalizam 397.827 ou 54% do total. Em relação à média salarial, a faixa dividida até os 17 anos possui a menor média salarial (R$ 941,22) e, apesar de este valor ir aumentando até chegar aos R$ 3.590,37 (40 a 49 anos), o montante cai em R$ 353,41 na próxima classificação (quem está entre 50 a 64 anos de idade e recebe cerca de R$ 3.237,37).

Bolsonaro afirmou que os jovens sofrem por causa da falta de experiência, e os mais velhos também têm dificuldades na hora da contratação pela idade, porém, também chegou a dizer que os trabalhadores brasileiros preferem “menos direitos e mais emprego, do que todos os direitos e desemprego”. O programa está sendo desenvolvido pela equipe econômica.

Para especialistas, apesar de ser necessária a inclusão destes profissionais no mercado de trabalho, e que programas para isso são bem-vindos, a redução de direitos não é o caminho para que isso seja feito.

“Seria interessante ter apoio e incentivos para a empresa contratante, como abatimento no Imposto de Renda ou incentivos tributários. Mas não a perda de direitos, que penaliza o empregado. É bom lembrar que a reforma trabalhista (anunciada pelo governo Michel Temer/MDB em 2017) também prometeu gerar muitos empregos, o que não aconteceu. O que gera emprego é ativação da economia e a movimentação do consumo, não a retirada de direitos”, assinalou o coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição.

A expectativa é que o novo programa do governo seja similar à carteira verde e amarela, proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, na qual os trabalhadores contratados com o documento teriam menos encargos trabalhistas. Para Conceição, essas iniciativas tendem a enxugar ainda mais o mercado e, apesar de significar pequeno aumento de empregos, resultam em redução da massa salarial menor. “Muitos jovens vivem desemprego de longa duração, em um mercado que exige qualificações cada vez maiores. Para quem está desempregado, fica difícil de se atualizar”, disse, ao completar que as demais faixas etárias também começam a ser pressionadas para aceitar empregos com menos direitos e menores salários.

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, também é preciso “refletir o tipo de emprego que será criado”. “Se este jovem, com todo o respeito a essa ocupação, vai ser entregador de bicicleta com um baú nas costas, sem saber de quem é empregado e trabalhando de 12 a 14 horas por dia, ganhando salário baixo, qual a possibilidade de ele se integrar à sociedade? O caminho não é caçar direitos”, afirmou ele.
 




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