O clima é de tensão e espera entre os moradores da favela do Jardim Silvina, em São Bernardo, onde oito pessoas morreram soterradas na semana passada devido a um deslizamento de terra. Assistentes sociais da Secretaria de Habitação deram início ao cadastramento das 142 famílias que estão desabrigadas, o que deixou parte das famílias mais tranqüila porque foram transferidas para um abrigo provisório. No entanto, muitos ainda não sabem se vão para as unidades na favela do Oleoduto ou se continuam abrigadas na Creche Margarida ou em casa de parentes.
Desde o desastre da semana passada, a insegurança tomou conta dos moradores que permanecem na área. “Penso que tudo está desabando a qualquer barulho que ouço”, afirma a ajudante geral Helena Dias de Souza, 51 anos. Há quem conte que está há uma semana sem dormir. É o caso da dona de casa Milene Oliveira da Silva, 26. Ela continua a morar no Silvina, mesmo depois do alerta dado pela Defesa Civil. Há cinco anos ela ocupa a área e diz que durante esse período foi alertada pela Prefeitura sobre os riscos de desmoronamento. “Se não fizeram nada pela gente durante esse tempo, não é agora que vão dar jeito. Depois do acidente, não ligo mais o rádio e a televisão. Tenho receio de não identificar o barulho de um desmoronamento”, revela.
Em nota oficial, a Prefeitura de São Bernardo reitera que os moradores das áreas em risco de desmoronamento no Silvina serão levados para alojamento provisório na favela do Oleoduto. A demora, segundo a administração, acontece porque o cadastramento atraiu moradores de outras áreas do município.
Até a tarde de terça-feira, 58 pessoas tinham se mudado para a área do Oleoduto, das quais cinco saídas da Creche Margarida. Das 142 moradias interditadas, 93 terão de ser demolidas e as demais podem ser recuperadas, de acordo com a Prefeitura. Na manhã de terça-feira, 40 famílias ocupavam a creche.
Chuva – A simples observação do tempo também tem causado pânico entre os moradores do Silvina. A qualquer sinal de chuva, as pessoas que ainda permanecem nas áreas de risco deixam os barracos à procura de um abrigo seguro. É aí que entra a creche. “O número de pessoas aumenta quando começa a chover, bem como no horário das refeições e à noite, quando as pessoas chegam para dormir”, diz a coordenadora da creche, Maria Aparecida de Souza, 34 anos. A instituição sem fins lucrativos atende a 160 crianças da comunidade. “A creche só pode voltar a funcionar quando as pessoas tiverem um local para morar.”
Caso a situação não seja resolvida nos próximos dias, os moradores ameaçam fazer novo protesto. “Vamos esperar o cadastramento terminar. Se não fizerem nada pela gente, vamos pegar as mães com suas crianças para protestar em frente à Prefeitura”, avisa o líder da Pastoral da Criança do Silvina, Sílvio Marques da Rocha, 26 anos. Na segunda-feira, moradores pararam a via Anchieta em protesto à irregularidade no abastecimento de água.
O tempo deve continuar chuvoso no ABC até o fim da semana. Segundo a agência Climatempo, uma frente fria chega nesta quarta-feira à noite e outra, na sexta-feira.
Colaborou Ângela Corrêa
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