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Furlan: governo começou fase de crescimento econômico
Da Agência Brasil
20/07/2003 | 15:20
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O governo pisou no acelerador para dar velocidade, nesse semestre, ao processo de crescimento econômico. “Estamos no começo da fase dois”, disse, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Segundo o empresário, dono da Sadia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cobrando insistentemente agilidade na execução da agenda de investimentos.

Para Furlan, o controle da inflação era o último compromisso macroeconômico pendente para o Brasil retomar a política de desenvolvimento, com a necessária redução dos juros. Agora, mantido o controle inflacionário, ele e toda a equipe econômica repetem com Lula a palavra de ordem desse semestre: “crescimento”.

O ministro garante não haver no governo Lula nenhuma controvérsia entre grupos ao estilo ”monetaristas versus desenvolvimentistas”, como na era Fernando Henrique Cardoso. Ele defende que, com a mesma coragem demonstrada ao elevar os juros em 5% no auge da crise de confiança, a equipe econômica deve fazer agora o caminho inverso para retomar o crescimento.

Furlan lembra que os indicadores econômicos foram recuperados com folga neste semestre. “Tudo o que era motivo de grande preocupação no primeiro trimestre mudou. Se foi tudo melhor, temos que usar esse crédito agora para deslanchar (a retomada do crescimento) a partir desse segundo semestre e entrar em 2004 em ritmo de jogo”, afirmou.

O ‘jogo de crescimento’ vai começar no final de agosto, quando, juntamente com o Plano Plurianual (PPA), o governo vai anunciar a sua política industrial, priorizando os projetos e setores enumerados pelo PPA. “Precisamos dar uma injeção de ânimo no mercado interno”, comentou o ministro. Nessa fase serão concluídos os estudos feitos pelos grupos de trabalho em torno do roteiro para a agenda de desenvolvimento, de onde sairão soluções para alguns gargalos da política industrial, como marco regulatório para setores da área de infra-estrutura e comércio exterior.

Um dos principais pilares dessa nova fase são as Parcerias Público-Privadas (PPP), cujo projeto de lei precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional antes do PPA. O projeto altera as condições jurídicas para que União, Estados e municípios possam contrair com o setor privado formas de parcerias que não sejam apenas as de concessão. “Dentro do programa de investimentos que o governo anunciará, algumas iniciativas já estarão nessa categoria”, adianta o ministro.

Antes do anúncio do PPA, entretanto, há medidas já realizadas que Furlan considera fundamentais para o aquecimento do mercado interno, com efeito na renda e no consumo. Entre elas está a criação de linhas de microcrédito, cuja regulamentação será discutida esta semana em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Caminhões-Outra iniciativa é o Modercarga, programa de financiamento para compra de caminhões, a ser lançado em breve. A formatação do programa já foi feita pelo governo, informou. Com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), serão investidos R$ 2,5 bilhões para financiar entre 12 mil e 15 mil caminhões por ano junto a proprietários que tenham apenas um veículo, o que representa 50% da frota nacional.

O financiamento será de cinco anos, com três de carência e duas modalidades de pagamento. A primeira prevê taxa de juros fixa de 20% ao ano e financiamento por meio do BNDES. A outra terá juros variáveis e financiamento repassado por outros estabelecimentos, como o Banco do Brasil e Caixa Econômica.

“Todo esse conjunto vai fazer girar um circulo virtuoso, uma roda para a frente”, prevê Furlan, para quem as medidas favorecerão o aumento da poupança interna e da renda disponível dos assalariados, além de gerar emprego.

Há outras iniciativas consideradas cruciais pelo ministro para a retomada do crescimento. “A aprovação das reformas previdenciária e tributária vai dar um ganho adicional de credibilidade ao governo e esse ganho vai se refletir numa queda do risco pais, que vai dar necessariamente numa queda de juros, o que favorecerá a retomada dos investimentos”, opina.

Furlan, que se diz “sempre otimista”, acredita num crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. “Só a balança comercial será responsável pelo incremento de 1,5%”, diz.




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