Clube antes reconhecido pela lisura, passa aperto com gasto médio de R$ 1,1 milhão por mês
Se dentro de campo o São Caetano vai bem e está assegurado na semifinal da Copa Paulista com a primeira posição do Grupo 10 com uma rodada de antecedência, fora o clube passa por uma das maiores crises em seus 30 anos de existência. Jogadores que pediram para não serem identificados confirmaram que os salários e direitos de imagem estão atrasados e que o problema se estende aos funcionários da sede social.
Apuração do Diário aponta que o deficit acumulado desde o início da temporada está perto de R$ 29 milhões. O dinheiro que está faltando seria justamente o que nos dois últimos anos, segundo balanço publicado pelo clube, entrou nos cofres por meio de doações. Foram R$ 33.392.340 em 2017 e R$ 23.977.232 em 2018 recebidos desta maneira. Os nomes dos doadores são mantidos em sigilo, mas tudo indica que um dos principais era Saul Klein, filho de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia. Ele rompeu definitivamente com a administração de Nairo Ferreira de Souza e, inclusive, se aproximou do Santo André, o principal rival.
Apesar de não disputar as principais divisões do Campeonato Brasileiro desde 2014, quando caiu da Série C para a Série D, e ter sido rebaixado para a Série A-2 do Paulista nesta temporada, o custo do São Caetano é elevado. No ano passado, os gastos com logística dos campeonatos, salários dos atletas e comissão técnica foram de R$ 14.287.864, bem similar ao de 2017 (R$ 14.174.380). Em média, o clube consome R$ 1,1 milhão por mês, orçamento incompatível com quase todos times intermediários de São Paulo.
A situação financeira possivelmente tenha sido uma das razões para que o presidente Nairo Ferreira de Souza tenha pedido na semana passada afastamento da presidência da AD São Caetano, apesar de continuar presidindo a São Caetano Futebol Ltda, empresa criada em 2003 por ele e pelo ex-sócio Luiz de Paula, o Batata, morto em 2011, que gere os interesses esportivos da agremiação.
Na quarta, no momento em que o São Caetano vencia o Santo André por 2 a 1, em Suzano, cinco pessoas faziam visita às dependências da AD São Caetano e do Anacleto Campanella. O grupo estaria interessado em comprar a São Caetano Futebol Ltda, herdar seu patrimônio, mas também as dívidas.
Questionado se os problemas políticos têm atrapalhado, o técnico Marcelo Vilar deu a entender que se surpreendeu. “Espero que (a situação) se resolva o quanto antes, porque, quando eu vim para cá, tinha sentimento de que o São Caetano não pode estar onde está”, comentou.
Procurado para prestar esclarecimentos, Nairo não retornou os contatos do Diário.
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