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Atila escala aliados para se passarem por povo

Em vídeos, apoiadores do prefeito de Mauá dizem ser cidadãos comuns para cobrar socialista

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
13/10/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), escalou apoiadores do governo para se passarem por cidadãos comuns em vídeos publicados nas redes sociais. Em vez de munícipes, Atila escolheu um ex-candidato a vereador de partido aliado e a uma líder comunitária para responder supostas cobranças e falar sobre temas polêmicos, como as duas prisões às quais foi submetido. 

Em uma das inserções, publicada na quinta-feira na página do socialista no Facebook, Atila é questionado por Gil Carneiro, que disputou cadeira na Câmara pelo PRB nas eleições de 2016, sobre corrupção. O partido hoje integra a base governista no Legislativo. “E aí, prefeito, sou Gil Carneiro e vou lhe fazer uma pergunta que Mauá inteira necessita saber: ‘o senhor roubou a cidade de Mauá?’”, pergunta o republicano. A imagem, em seguida, é congelada, em preto e branco, com tom de suspense. 

Idealizado pela equipe de comunicação de Atila logo após seu retorno ao cargo – no dia 9 de setembro, a Justiça paulista concedeu liminar anulando o impeachment e o autorizando a retornar ao posto –, o programa visa resgatar a confiança do eleitorado, arranhada por causa das duas prisões e da cassação, aprovada em abril. 

Batizado de ‘Olho no Olho’, o vídeo é publicado semanalmente por Atila nas redes sociais que, ao divulgá-los, prega o contato direto do prefeito com o povo. “Com consciência tranquila e de coração aberto respondo o meu povo, olho no olho”, diz a publicação. 

No último vídeo, Atila nega ter praticado atos ilícitos. “Jamais, Gil. Jamais roubei ou desviei qualquer recurso público dessa cidade. Se eu tivesse desviado, eu estaria aqui andando em praça pública, me reunindo com a população, apertando a mão de comerciante? Jamais”, responde o socialista, sob uma sonoplastia dramática e sentado no banco de uma praça. O vídeo, que é gravado e editado, termina com imagens de Atila abraçando populares e pegando em uma pá de construção civil.

ESCOLHA ALEATÓRIA

Questionada sobre os critérios para a definição dos participantes, a Prefeitura de Mauá negou que haja combinado com aliados. “A escolha dos cidadãos para participar do programa Olho no Olho é feita nas agendas externas do prefeito, sempre com munícipes aleatoriamente abordados, questionando se desejam participar do quadro. A escolha é aleatória e a participação é voluntária. Não é questionado o passado do entrevistado, ou seja, qualquer um pode questionar no quadro. O fato de, eventualmente, algum voluntário ter atuação política anterior, não o extingue de ser um cidadão comum, com direito de indagar o prefeito, visto que é integrante da população, como qualquer outro”, alegou a administração, por nota.

Por outro lado, em outro vídeo da série, este publicado uma semana antes, Atila escala outra aliada para se passar por cidadã comum: Adriana Gomes. A apoiadora, que questiona o prefeito sobre problemas na saúde pública, não esconde o alinhamento com o socialista nas redes sociais. Além de escolher como foto principal do próprio perfil pessoal um retrato com Atila, a mulher já declarou diversas vezes apoio ao socialista, inclusive durante o processo de impeachment. 




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