Política Titulo APÓS DESGASTE
Avamileno deixa PT e diz: ‘Me sinto magoado’

Ex-prefeito de Sto.André alega desprestígio no partido; irá entregar carta de desfiliação na terça

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
12/10/2019 | 17:57
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André Henriques/DGABC


Sucessor de Celso Daniel (morto em 2002) na Prefeitura de Santo André, o ex-prefeito João Avamileno decidiu deixar o PT, partido que ajudou a fundar em 1980, ao alegar desprestígio junto às pessoas que comandam o diretório municipal. “Me sinto magoado em relação a alguns grupos, praticamente colocado de escanteio. É sentimento que já vinha se arrastando há anos. Resolvi sair”, justificou. Ele irá entregar carta de desfiliação da sigla na terça-feira, data derradeira para inscrições de pré-candidaturas majoritárias dentro da legenda para a eleição municipal de 2020, ao lado de outros militantes, como Erick Eloi, que se colocava entre os postulantes da sigla.

Avamileno sustentou que o documento já está pronto, assinado, e que o alarde sobre sua saída só veio à tona diante da manifestação de despedida expressa em grupo de ex-prefeitos no WhatsApp. “A partir do momento que não se tem mais respeito não há mais motivo para continuar (filiado). Vou entregar a carta no começo desta semana”, confirmou. Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, ele chefiou o Paço por sete anos. Foi vice de Celso, assumiu a administração local com a morte do correligionário e conquistou a reeleição em 2004 – a última renovação de mandato alcançada na cidade.

O ex-prefeito pontuou que, recentemente, se colocou à disposição para disputar a Prefeitura novamente, mas não foi ouvido. Logo no começo das discussões, Avamileno retirou seu nome e declarou apoio a Erick no processo. “Sequer me procuraram (para debater a situação). Fiquei muito chateado. Avaliei que era oportunidade de mostrar o legado, auxiliar o partido, fizemos bastante coisa concreta em Santo André. Podíamos apresentar isso na campanha (eleitoral do ano que vem). Sei que a tarefa será difícil, mas não impossível”, disse, ao acrescentar que grupos internos, sem mencionar nomes, “não reconheceram” a iniciativa.

A gota d'água para a decisão se deu com a formalização da posse da nova executiva - agora nas mãos do ex-vereador Antonio Padre - na quinta-feira, quando a vereadora Bete Siraque, pré-candidata ao Paço, teria sido aclamada por alas majoritárias do petismo. “Nada contra a Bete, se ela for a candidata, considero, no entanto, que eu poderia ter sido, ao menos, ouvido. Senti que não tenho mais espaço, não me levaram em consideração. Respeito que tive no passado no PT a partir de 2008 caiu de 100% para zero”, emendou. O PT geriu a cidade em cinco oportunidades, contudo, apenas uma vez, com Carlos Grana (2013-2016), após Avamileno deixar o Paço.

O petista, de 75 anos, antecipou que vai estudar filiação em outras legendas, ainda com pretensão em disputar cargo público. “Se for para ser candidato, será em 2020 a prefeito.” Erick endossou a fala do correligionário e falou em desrespeito. Disse que o discurso de democracia do PT é somente “demagógico”. “Sairemos todos do grupo, juntos, por princípios e valores, caminhando em outra direção. (Ideia) É estarmos nas urnas por outro partido de esquerda”, afirmou o empresário, de 38 anos, filiado ao PT desde os 15. “O processo (de decisão da pré-candidatura) tem sido traição atrás de traição, não se cumpriu acordos. Não à toa perderam a eleição de 2016. Querem se locupletar. Agora, fiquem com o ônus e bônus.”




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