Setecidades Titulo Saúde
Mário Covas encerra
dez especialidades

Hospital estadual vai priorizar atendimento de emergência;
AMEs da região vão concentrar consultas com especialistas

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
21/04/2012 | 07:00
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Hospital Estadual Mário Covas, localizado em Santo André, cancelou a marcação de consultas em dez especialidades. O objetivo é priorizar o atendimento de urgência, já que o hospital é referência em casos de alta complexidade. A informação foi divulgada ontem pela Secretaria Estadual da Saúde. Os números de consultas realizadas mensalmente não foram revelados.

As especialidades que não serão mais agendadas são dermatologia, endocrinologia, geriatria, pneumologia, cardiologia, neurologia, reumatologia, gastroenterologia, nefrologia e alergologia. Os pacientes que já fazem acompanhamento nessas áreas vão concluir os tratamentos; o fim dos atendimentos será gradativo. A restrição vale para os que estão sendo encaminhados ao hospital pela primeira vez.

De acordo com orientação do Estado, os novos pacientes precisam passar pelo posto de Saúde, pegar guia de encaminhamento e fazer agendamento da consulta em um dos dois AMES (Ambulatórios Médicos de Especialidades) da região, situados em Santo André e Mauá. O primeiro oferece 20 especialidades, e o segundo, dez.

Estado alega que há vagas ociosas nos AMEs. No primeiro trimestre, as prefeituras teriam deixado de marcar 3.256 consultas. Os municípios rebatem e garantem que não se trata de desperdício, mas sim de falta de diálogo. As vagas que sobram nos ambulatórios seriam em especialidades pouco requisitadas, como psicologia e acupuntura.

DESINFORMAÇÃO

Os usuários que fazem acompanhamento médico no ambulatório reclamam de falta de comunicação e desordem. As consultas agendadas estão sendo canceladas sem explicação. A paciente Lourdes Derasmo, 67 anos, de Ribeirão Pires, passou por problemas recentemente. Seu horário agendado para março com gastroenterologista foi desmarcado há cerca de um mês sem qualquer justificativa. A filha, Maria Luiza de Carvalho, 29, resolveu ir até o hospital na quarta-feira para se informar sobre a remarcação. "Ficamos aguardando uma posição. Achamos que entrariam em contato para marcarmos outra consulta. Mas nem isso fizeram. O médico foi mandado embora e outra consulta foi remarcada para agosto. E só consegui isso porque fui até lá e reclamei", relata.

De acordo com o hospital, atualmente cerca de 1.500 pessoas de Ribeirão Pires fazem tratamento no Mário Covas. Luiza disse que ouviu de funcionário que o aviso sobre os cancelamentos "não é procedimento do hospital". Ela emenda. "É como se rasgassem a ficha dos pacientes e as jogassem no lixo."


Chioro critica falta de diálogo do Estado com prefeituras

O secretário de Saúde de São Bernardo e coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde do Consórcio, Arthur Chioro, classificou como "autoritárias" as decisões da gestão do Hospital Mário Covas. As prefeituras não foram informadas das alterações. "Lamentável. Já tínhamos percebido que está cada vez mais difícil encaminhar nossos pacientes, tanto na área ambulatorial quanto na de urgência. Precisamos acabar com esse autismo. Eles não são donos do SUS nem do hospital."

Chioro afirmou que gradativamente a rede básica do Grande ABC será sobrecarregada na área ambulatorial. A insatisfação de Chioro é maior quanto à falta de comunicação entre prefeituras do Grande ABC e Estado. "O problema não é a mudança para os AMEs. Mas tem de ouvir as cidades e combinar."




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