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Jovem homossexual agredido na saída de balada em S. Bernardo sai do coma

Roger Passebom Júnior gravou vídeo ainda com dificuldade para falar; rapaz foi espancado e ofendido com fases de homofobia no dia 22

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
03/10/2019 | 10:34
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André Henriques/DGABC


O jovem Roger Passebom Junior, 22 anos, que foi espancado por grupo de seis pessoas no último dia 22, saiu do coma nesta terça-feira (2). Ele estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HC (Hospital Municial de Clínicas) de São Bernardo desde o ocorrido, e agora, seguirá o tratamento no quarto da unidade de saúde.

Segundo familiares e amigos, as agressões teriam como motivo o fato de Junior ser homossexual. O caso aconteceu na saída da casa noturna Fantastic Lounge Club, no Jardim do Mar, no município são-bernardense. Ele sofreu traumatismo craniano decorrente aos golpes que levou na cabeça.

Em vídeo divulgado por parentes, gravando anteontem, Junior diz, ainda com dificuldade em falar, que está bem e feliz por estar no quarto e não mais na UTI, e manda recado à família com a frase “eu amo vocês”.

De acordo com o tio do garoto, Silvio Brito, 46, a memória de Junior foi afetada. “Os médicos ainda não afirmaram o é que ele tem exatamente. Pode ser as medicações, o próprio trauma, ou até mesmo sintoma de sequelas”, explicou.

Sem lembrar do motivo que o levou ao hospital, a família conta que o jovem tem lapsos de memórias distantes, de quando tinha de três a cinco anos de idade.

O CASO
Segundo testemunhas, no último dia 22, Junior comemorava seu aniversário e, enquanto o rapaz dançava e brincava com amigos, grupo de três homens começou a provocar o aniversariante. Junior reagiu às intimidações e uma discussão foi iniciada. Seguranças do local retiraram os agressores da festa mas Junior e os amigos ficaram na casa noturna até o fechamento do espaço.

Ainda conforme os depoimentos, os três homens, junto com outras três pessoas, ficaram do lado de fora esperando o grupo sair do local. Junior, na tentativa de defender o colega que foi pego pelos agressores, desceu do veículo e se tornou alvo, sendo jogado no chão e espancado, principalmente com chutes na cabeça. Os amigos conseguiram fugir, mas disseram à polícia que o jovem foi golpeado ouvindo frases homofóbicas.

O Diário teve acesso a imagens de câmera de segurança que flagrou o momento em que os três homens atacam Junior. Três dos agressores se apresentaram à polícia três dias depois do caso e foram ouvidos no 1º DP (Centro), onde o crime foi registrado como de lesão corporal com motivação homofóbica – eles foram liberados em seguida, já que não houve flagrante e se apresentaram à polícia. A equipe de reportagem apurou que os agressores afirmaram que o motivo da briga foi por excesso de álcool.

No dia do ocorrido, a casa noturna divulgou nota informando que não compactua com crimes homofóbicos e com violência, justificando ainda que, embora o caso tenha acontecido fora do estabelecimento, o espaço está à disposição de familiares e amigos de Junior, assim como para colaborar com autoridades nas investigações.

Advogado entrou com pedido de prisão preventiva para os agressores

José Beraldo, advogado do jovem agredido por homofobia, Roger Passebom Junior , 22 anos, entrou com pedido de prisão preventiva dos agressores na última sexta-feira (22) no MP (Ministério Público) de São Bernardo.

“Os agressores precisam ser julgados por um júri popular. O que eles fizeram é crime doloso contra a vida, um delito de tentativa de homicídio de forma qualificada, com requintes de crueldade, que impossibilitou a defesa da vida da vítima e, tudo isso, por um motivo fútil, e mais ainda, um crime homofóbico”, ressaltou Beraldo.

O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou, em junho, que discriminação por orientação sexual de identidade de gênero é considerado crime de racismo, o que aumenta a pena em cinco anos de reclusão. “Precisa acabar essa violência com o grupo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Transgêneros e outros) e tantas outras pessoas que sofrem de preconceito, que merecem ter respeito e sua dignidade preservada.”

O advogado ressaltou ainda que os agressores têm antecedentes criminais, sendo que um deles já foi, inclusive, condenado por roubo.

Foto: Divulgação




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