Rosana Silvestre foi morta pelo marido neste domingo, em São Bernardo; agressor confessou crime e foi preso
Morreu estrangulada, no início da tarde deste domingo (15), Rosana Silvestre, 38 anos, vítima de feminicídio. O crime foi praticado pelo marido, Fabio Alves Rodrigues, 30, no bairro Batistini, em São Bernardo. Detido pela polícia, o agressor confessou e foi preso em flagrante. Este é o nono caso registrado no Grande ABC só neste ano – em 2018, foram ao menos 32 vítimas.
Rosana foi encontrada morta pelo sogro – padastro do assassino –, Pedro Henrique Chagas, 72, por volta das 13h deste domingo. De acordo com o depoimento do familiar, ele foi até a casa de Rodrigues convidar a nora para tomar café da tarde. Ao chegar na residência, após tocar várias vezes a campainha e chamar por Rosana, resolveu entrar. Ele a encontrou deitada na cama, já sem vida.
De acordo com o depoimento de Chagas, a vítima apresentava diversos sinais de violência pelo corpo e sangramentos no nariz e boca. O marido não estava e, segundo o padastro, o enteado teria dito que sairia cedo de casa e não tinha hora para voltar. Chagas contou aos policiais que o casal brigava constantemente.
Após diligências pelas proximidades do bairro, a polícia encontrou Rodrigues caminhando em rua próxima à de sua casa. Questionado, o agressor confessou o crime e informou que o casal tinha brigado durante a madrugada e, por esse motivo, ele a estrangulou. Ao saber do caso, moradores tentaram linchar Rodrigues, porém foram contidos pela polícia.
O agressor foi encaminhado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Dermarchi, passou por avaliação e foi liberado pelo corpo médico. O caso foi registrado no 3º DP (Assunção), onde o criminoso ficou preso temporariamente até que a Justiça determinasse a condenação.
RECORRENTE
Ha dez dias, a equipe do 24º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Diadema prendeu Deivid Paulino Silva Faria, 34 anos, por tentativa de feminicídio contra sua mulher, Joice Rocha Martins, 26. O agressor disse à polícia que premeditou crime e fuga. A vítima foi esfaqueada – foram 15 golpes –, socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levada ao Hospital Estadual Serraria, onde passou por cirurgia.
CASOS
Com o crime deste domingo, o Grande ABC registrou nove casos de feminicídio neste ano. De acordo com levantamento feito pelo Diário junto ao TJ (Tribunal de Justiça), em dois anos o aumento crimes desse tipo foi de 33%. Em 2016, a região somou 24 inquéritos, passando para 32 no ano passado. Dos casos de 2019, três foram em Santo André, três em São Bernardo, dois em Mauá e um em São Caetano.
De acordo com Atlas da Violência deste ano, publicado em junho, houve crescimento nos homicídios femininos no Brasil em 2017, com cerca de 13 assassinatos por dia. Ao todo, 4.936 mulheres foram mortas, sendo o maior número registrado desde 2007.
A delegada titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Diadema, Renata Cruppi, explica que "o aumento nos casos de feminicídio se dão por uma releitura de perspectiva no momento da classificação. Antes, grande parte das ocorrências envolvendo morte violenta de mulher era considerado um homicídio qualificado por motivo torpe, fútil, dificuldade de defesa da vítima. Com a vinda da qualificadora do feminicídio e fazendo uma releitura dos casos foi percebido a necessidade de classificar como feminicidio, permitindo identificar as questões de morte violenta de mulher pelo simples fato de ser mulher".
RELEMBRE - Na madrugada do dia 2 de fevereiro, a médica veterinária Paula Patrícia de Melo, 38, foi assassinada a facadas pelo namorado, Givanilson Valdemir dos Santos, 26, em São Caetano. Um dia depois, a médica cubana Laidys Sosa Ulloa Gonçalves, 37, foi morta com golpes de chave de fenda pelo marido brasileiro, o vigilante Dailton Gonçalves Ferreira, 45, em Mauá.
Em março foram três casos: na madrugada de sábado (9) para domingo (10), o corpo de Nayara Justino Lima, 26, natural de Uiraúna-PA, foi encontrado em sua casa, na Rua 23 de Abril, no bairro Ferrazópolis, São Bernardo, com ferimentos a facadas. Nayara estava perto da cama, no quarto dela, caída sobre um berço. O autor do crime seria seu companheiro.
No dia 18, a diarista Eleide Rodrigues de Oliveira, 38, foi atropelada e, posteriormente, executada por pelo menos seis tiros pelo próprio marido na manhã desta segunda-feira, no Jardim Rina, em Santo André. Quatro horas antes, desta vez no bairro Cidade São Jorge, Engel Sofia Pironato, 21, foi morta pelo companheiro Lucas Alves da Silva Santos, 24, em sua residência, com um golpe ‘mata-leão’ (estrangulamento). O corpo da vítima foi encontrado dentro de uma geladeira apenas à noite, após denúncia anônima.
Em abril, Elisângela Silva, 33, foi encontrada morta, no dia 18, no bairro Alves Dias, em São Bernardo. O responsável foi o companheiro. Já no dia 24, Viviane Miranda Maurício, 26 anos, foi assassinada em apartamento no Parque São Vicente, em Mauá. O corpo dela foi escondido dentro de mala no interior de um armário. O homem que a matou seria o seu amante.
Em 17 de junho Marcela dos Santos Melo, 31, foi morta a tiros pelo marido, o policial militar Thiago Rodrigo de Souza, 36, que se matou em seguida.
Embora não contabilizado como feminicídio, no dia 17 de maio a pastora Ieda Alvin Lino, 42, foi morta com golpes de faca no bairro Casa Grande, em Diadema. O suspeito do crime é seu marido, mas o caso foi registrado no 3º DP (Taboão) do município como homicídio simples.
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