Defendendo programa socialista para a classe trabalhadora, o pré-candidato à Presidência José Maria de Almeida, o Zé Maria (PSTU), garante que seu partido, apesar de lançar candidatura própria, mantém como prioridade para as eleições deste ano avançar nas propostas e conseguir aos poucos acabar com o capitalismo.
A expectativa é obvia para o socialista: atrair o maior número de eleitores. Porém, a vitória para o PSTU será "tirar cada voto dos partidos de direita e do governo Lula (pela pré-candidata Dilma Rousseff, do PT), para enfraquecê-los e fortalecer nossa luta pelos trabalhadores", afirmou.
Zé Maria, que busca pré-candidatura financeiramente independente, critica postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem carrega trajetória ligada a lutas, militando junto a ele durante as greves do ABC, no final dos anos 1970. "O PT sofreu uma transformação e o que antes lutava para que os trabalhadores governassem o País, hoje é dominado pelo imperialismo. Quem governa o Brasil são as grandes empresas e bancos, isso porque o Lula, à frente do PT, optou por fazer uma campanha financiada. E quem paga é quem manda."
O socialista acredita que o financiamento nas campanhas é a base da corrupção, motivo esse responsável pela escolha do PSTU em lançar candidatura própria para este ano, que não contará com alianças partidárias. Nas últimas eleições, em 2006, o partido se uniu com Psol e PCB, formando uma frente de esquerda para apoiar a candidata pelo Psol na época, Heloísa Helena. Neste ano, a coligação foi descartada já que segundo Zé Maria, o partido "que se diz socialista trilhará o mesmo caminho do PT, optando por campanha financiada". Para ele, "a frente de esquerda morreu no momento em que o Psol buscou aliança com o PV e a pré-candidata Marina Silva." Aliás, o socialista critica sua concorrente pelo PV e acredita que Marina não propõe nenhuma mudança para o Brasil.
Ao avaliar os sete anos de governo Lula, Zé Maria defende que o País é rico, mas onde e a forma como o dinheiro é aplicado é o grande problema.
Já ao analisar as pré-campanhas dos candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff, Zé Maria acredita que os concorrentes vêm demonstrando cada vez mais a ausência de diferenças comuns. "Eles apresentam o mesmo projeto. Um vai dar continuidade ao governo Lula e o outro voltará à gestão do Fernando Henrique."
Ao defender sua pré-candidatura, o socialista diz que trabalhará para "convencer a classe trabalhadora de que temos que governar o País e não os bancos e as grandes empresas."
Zé Maria define sua futura campanha como ‘modesta', já que contará apenas com empréstimos financeiros dos filiados do partido e com pouco tempo de propaganda televisiva. "A legislação eleitoral não é democrática. O PMDB negocia tempo na TV ora com o PSDB ora com o PT, enquanto nós falamos 30 segundos."
‘O Grande ABC tem a situação mais contraditória do País'
"Como que uma cidade que produz tanta riqueza pode ter tantas pessoas desabrigadas?" É dessa forma que Zé Maria avalia o Grande ABC. Para ele, a região é uma das mais contraditórias do País.
"As empresas cresceram economicamente, porém só elas. O faturamento delas quase triplicou, enquanto que a classe trabalhadora diminuiu."
Segundo o pré-candidato, os trabalhadores perderam nos últimos anos de 30% a 40% dos postos de trabalho e os que se mantiveram nas empresas carregam uma grande carga horária.
"A riqueza ficou nas mãos dos proprietários e não nas dos trabalhadores. Enquanto isso, aconteceu o empobrecimento da população. O crescimento das indústrias deveria beneficiar o povo, para que tivesse moradia decente e melhor qualidade de vida."
Voltando a criticar a economia do Brasil, Zé Maria acredita que enquanto a estrutura do País não mudar, a situação continuará a mesma.
"Se esse fruto não for distribuído para todos não valerá de nada. Por isso, temos que colocar as empresas nas mãos dos trabalhadores. Eles que precisam governar o País e essa sempre foi a proposta do PSTU."
Passado - A relação de Zé Maria com o Grande ABC vem de muitos anos. Metalúrgico integrante da executiva nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), começou a atuar no movimento operário em Santo André, na década de 1970. Foi preso durante a paralisação da classe em 1977 e 30 dias depois de ser libertado tornou-se um dos integrantes do comando de greve dos metalúrgicos do ABC.
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