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Por hora, duas desobstruções de esgoto precisam ser feitas na região

Descarte irregular de lixo e despejo de óleo nas tubulações são os vilões dos encanamentos

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/09/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Um esgoto entupido pode causar diversos transtornos, desde o mau cheiro que se espalha pelo local até o retorno de dejetos para dentro das casas. Quando isso ocorre na rede pública, é preciso acionar as empresas de saneamento, que apenas nos primeiros seis meses deste ano realizaram 8.263 desobstruções no Grande ABC, média de duas a cada hora. O número foi praticamente o mesmo das ocorrências do ano passado, que registrou 8.261 desobstruções no mesmo período.

As empresas de saneamento que atuam na região destacam que mantêm campanhas de conscientização junto aos moradores, para que não joguem nas tubulações nenhum objeto e/ou material que possa impedir o fluxo de água e dejetos, bem como não despejem no esgoto doméstico óleo de cozinha, que bloqueia outros materiais e ocasiona os entupimentos. Outro problema citado foi o descarte irregular de lixo e entulho, que pode acabar nas galerias, levados pela água da chuva.

O engenheiro civil Moises Antonio Alves Pereira explicou que nenhum tipo de material sólido deve ser lançado nos encanamentos. “Na cozinha, o problema são os restos de comida, que acabam se acumulando e não são levados pela água. Junto com óleo, eles grudam nos tubos”, pontuou. 

Medidas caseiras, como jogar borra de café e água quente também são desaconselhadas. “A borra vai agravar o entupimento. A água quente, ainda que possa amolecer a gordura, também pode danificar os canos, que não são projetados para receber o líquido em altas temperaturas”, concluiu.

O maior número de casos foi registrado em São Bernardo, com 2.392 ocorrências, seguida de Santo André (2.088) e São Caetano (1.449). A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), responsável pela coleta e tratamento de esgoto em São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, informou que o uso indevido das pias da cozinha e do banheiro como lata de lixo ocasionam o entupimento das redes e coletores-tronco que levam o material para as estações de tratamento. Até objetos como bitucas de cigarro, frascos de xampu, preservativos, bolas de futebol e pedaços de pano e de madeira são encontrados na tubulação. Ocorrências devem ser informadas pelos telefones 195 ou 08000119911 ou pelo site da empresa.

Em Santo André, o Semasa (Saneamento Ambiental do Município de Santo André) já recolheu até uma cadeira do poço de visita da rede. “Entre outros exemplos, podemos citar concreto, gordura, pedras, entulho, materiais de construção, roupas e animais mortos”, informou em nota. A autarquia destacou que mantém 21 ecopontos para que a população leve materiais volumosos e óleo de cozinha para o descarte correto. Denúncias pode ser feitas pelos telefones 115, 08004848115 e 44339300 (para quem liga de fora de Santo André), além do site e da página do Facebook do Semasa e do Fale Conosco.

O Saesa (Serviço de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) de São Caetano retirou, no primeiro semestre, 320 toneladas de resíduos secos das redes coletoras. Chamados podem ser feitos pelos telefones 21811800 ou pelas redes sociais. A BRK Ambiental, que atua em Mauá, lembrou que nos casos de retorno de esgoto para a residência, o morador não poderá pleitear ressarcimento se for observado descarte de materiais inapropriados. Chamados para ocorrências na cidade podem ser feitos pelos telefones 08007710001 ou pelo site da concessionária.

Despejar água da chuva no esgoto sobrecarrega a rede

Não são apenas objetos, lixo e óleo jogados na rede de esgoto que causam problemas. Descartar a água da chuva na rede coletora ocasiona a sobrecarga de todo o sistema, alerta o engenheiro civil Moises Antonio Alves Pereira. “Aumenta sobremaneira o volume de água e a rede não foi programada para isso. Pode ocorrer o transbordamento pelas bocas de lobo e tampas dos pontos de acesso”, explicou.

Em Mauá, a empresa BRK Ambiental, responsável pela coleta e tratamento de esgoto, tem intensificado a campanha para que as pessoas não façam a ligação irregular. “O sistema de esgotamento do município foi concebido considerando o sistema separador absoluto, ou seja, a rede de esgoto deve receber apenas esgoto doméstico, e não está dimensionado para receber água proveniente das chuvas”, explicou o diretor de contratos Cleber Renato Virgínio da Silva. 

“As águas pluviais, além de carregar lixo, levam para a rede coletora uma quantidade excessiva de areia, gerando impacto direto na operação e tratamento do esgoto”, completou Silva.

“A rede de esgoto não foi projetada para transportar lixo ou águas pluviais, e a má utilização desse bem público causa transtornos para os usuários por causa dos entupimentos nas vias públicas e imóveis da cidade”, relatou o coordenador de operações da concessionária, Bruno Gravatá.

De acordo com Gravatá, com a operação da ETE ( Estação de Tratamento de Esgoto), milhões de litros de dejetos deixaram de ser despejados nos córregos da cidade e no Rio Tamanduateí. “Porém, para a efetiva despoluição dos rios é fundamental a mudança de hábitos com a participação da população em relação à destinação adequada dos resíduos sólidos”, finalizou.




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