Expectativa de construtoras é que 370 unidades habitacionais sejam vendidas ainda neste ano
Construtoras do Grande ABC projetam vender 370 unidades habitacionais prontas até o fim do ano com as novas regras de financiamento imobiliário anunciadas na terça-feira pela Caixa. Esse número representa 20% do estoque de imóveis em cinco das sete cidades da região, hoje em 1.830.
Os dados são da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) e representam levantamento parcial do primeiro semestre deste ano. Antes da apresentação das novas regras, a instituição estimava ser possível negociar até 10% desse volume – isso em perspectiva otimista.
“Tínhamos uma demanda reprimida muito grande porque o mercado teve cinco anos muito fracos. As pessoas sentiram um pouco de estabilidade política e houve um movimento maior na procura e concretização de novos negócios”, afirmou o presidente da associação, Marcus Santaguita.
A principal mudança para as regras do financiamento da casa própria (veja mais na arte acima), que entram em vigor na segunda-feira, é a correção dos juros pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que atualmente é de 2,42% ao ano e 3,22% nos últimos 12 meses. Anteriormente o ajuste era feito pela TR (Taxa Referencial). Com a redução do percentual, a perspectiva do governo federal é a de que mais pessoas recorram à compra de um novo imóvel.
Pelos dados preliminares fornecidos pela Acigabc, o estoque de unidades prontas sofreu redução de 8% no primeiro semestre do ano na comparação com o mesmo período de 2018. Santaguita mostrou otimismo com o novo cenário.
“A redução de juros incentiva as pessoas a comprarem o imóvel e começa a dar condições para que isso seja feito”, afirmou o presidente da Acigabc. “Como a Caixa detém boa parte do mercado (média de 70% de contratos), quando ela toma uma medida dessa proporção, há perspectiva de aumento de financiamentos. Nós já vemos um aumento da procura e a gente imagina que os outros bancos sigam isso para se manterem competitivos.”
Santaguita também pontuou que, inicialmente, a medida deve ter mais impacto no estoque do que no número de lançamentos. “Isso (aquecimento de negociações) deve acontecer a partir do ano que vem para os lançamentos. As construtoras vão desenvolver produtos para esse público e isso será refletido mais adiante.”
Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a mudança deve ter impactos positivos no mercado imobiliário, porém, pode trazer problemas caso a inflação dispare. “O principal receio é que isso traga de volta o mecanismo de indexação, como era nas décadas de 1980 e 1990. Quando tinha correção monetária, ela era repassada a todos os preços e salários. Isso pode ser ruim, porque, se a inflação sobe, nós corremos o risco de que a pessoa não consiga arcar com a dívida. Ninguém garante que ela (inflação) vai continuar baixa pelos próximos dez anos. É interessante do ponto de vista dos juros, mas há riscos presentes e a conta disso fica com o setor público.”
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