Análises da água que caiu sobre o Grande ABC na segunda-feira apontam relação com queimadas
Análises realizadas por pesquisadores apontam que a água cinza e com forte cheiro de fumaça oriunda da chuva de segunda-feira, quando escuridão atípica atingiu São Paulo por volta das 15h, tem relação com as queimadas das regiões Norte, Centro-Oeste e de países vizinhos. Amostra de material coletado no Grande ABC e que está sendo estudado na USCS (Universidade Municipal de São Caetano) indica presença nove vezes maior de material particulado – conjunto de poluentes constituídos de poeiras e fumaças – do que o de uma precipitação comum.
Conforme a bióloga e professora de gestão ambiental da USCS, Marta Marcondes, num primeiro momento de pesquisa, chamou atenção a alta concentração de fuligem na água coletada na região. Enquanto medição considerada normal é de 10 NTU (Unidade Nefrelométrica de Turbidez), as amostras continham 92 NTU. A pesquisadora ainda avaliará os tipos de bactérias presentes na água e a quantidade de compostos com carbono, no entanto, já observa que há riscos à saúde, principalmente para pessoas com doenças crônicas. “Além de piorar os problemas respiratórios, pode causar coceiras na pele”, alerta.
A água utilizada por Marta para as análises laboratoriais foi coletada pela moradora de Santo André, a analista Marisa Ferreira Moreno, 54 anos. “Desde a crise hídrica, em 2013, coleto água da chuva para lavar roupa. Fiquei apavorada quando vi que, além de escura e com cheiro muito forte de queimado, a água estava espumando no balde”, revela.
Pesquisadora do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo), Pérola de Castro Vasconcellos não tem dúvida de que a coloração da água foi causada pela fumaça de incêndios em florestas. Segundo ela, havia quantidade significativa de reteno, material que só é formado quando há queima de biomassa – árvores, troncos e matas – na amostra analisada.
Na segunda-feira, especialistas destacaram que o fenômeno que transformou o dia em noite foi resultado da chegada de frente fria somada à poluição. Na ocasião, o meteorologista do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Caio Souza, associou o processo com as queimadas. “Muita fumaça foi lançada na atmosfera nos últimos dias e o volume de fumaça chegou ao Estado de São Paulo concomitantemente com a frente fria.”
Relatório do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) diz que os focos de queimada são 60% superiores à média dos últimos três anos. (com Estadão Conteúdo)
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