Número de vítimas passou de 14 para 24 em julho deste ano; motociclistas foram os mais atingidos
O número de óbitos no trânsito do Grande ABC subiu 71,4% em julho, saltando de 14, no mesmo mês de 2018, para 24 vítimas neste ano. Os dados foram divulgados ontem pelo Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo) e apontam que os motociclistas foram os mais atingidos, totalizando 11 casos.
“O mercado de trabalho está ruim e, com isso, muitos recorreram à informalidade dos aplicativos de entrega, o que aumentou a quantidade de motociclistas”, afirma Volney Gouveia, docente e pesquisador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano). “A imprudência deste grupo, ainda mais com a pressa das entregas, impulsiona o número de acidentes.”
Segundo Creso de Franco Peixoto, professor do curso de engenharia civil da FEI e especialista em transportes, a fiscalização de motocicletas é complexa, permitindo infrações. “A falta de uma placa frontal nas motos dificulta a fiscalização e a aplicação de multas a quem descumpre as leis.”
Com nove mortes, os pedestres são o segundo grupo mais afetado. “Eles ainda têm alguns comportamentos irresponsáveis, como atravessar a rua fora da faixa, mas também tem a questão do ritmo frenético do espaço urbano das cidades, onde carros, motos, caminhões, ciclistas e pedestres disputam o mesmo lugar”, destaca Golveia.
No primeiro semestre, as mortes no trânsito da região subiram 13,5% ante igual período em 2018. Os especialistas assinalam que por conta de fatores como o aumento da frota – que cresce anualmente, com adição de 2% entre 2017 e 2018 – e a falta de investimentos em mobilidade urbana – na região, apenas São Bernardo já entregou obras do setor na gestão atual –, a tendência é que esta estatística siga crescendo.
Além disso, o afrouxamento das regras de trânsito também pode aumentar o número de acidentes. “Quando o presidente (Jair Bolsonaro – PSL) adota medidas imprudentes, as pessoas se sentem mais livres para agir inconsequentemente”, observa Golveia. “Mesmo que a retirada dos radares móveis seja apenas em rodovias federais, o conceito pode correr e atingir vias municipais”, acrescenta Peixoto.
Vale destacar que os números das sete cidades estão na contramão do Estado, onde as fatalidades reduziram 3,6% no período. Para o docente do Conjuscs, o principal problema na região é a densidão de veículos que, combinada à falta de melhorias na mobilidade urbana tornam as vias mais suscetíveis a acidentes.
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