José de Souza Martins vendia bananas em São Caetano. Estudou e chegou a professor na USP, reconhecido internacionalmente
Foi como um prêmio que recebemos este cumprimento do professor José de Souza Martins: “Bem interessante a série de artigos de Memória em comemoração ao aniversário da fundação do Núcleo Colonial de São Caetano”.
Agradecemos e comentamos o fato de o professor Martins referir-se, acertadamente, ao aniversário, não da cidade, mas do Núcleo Colonial. Pois São Caetano é muito mais antiga que os 142 anos declarados e comemorados, com informações que chegam dos tempos do Tijucuçu, nos primórdios brasileiros.
– Professor Martins, não acha que seria o caso de uma voz forte como a sua lembrar diretamente aos governantes de plantão que os 142 anos escondem a verdadeira idade do velho Tijucuçu?
Martins respondeu:
– Quanto ao aniversário de São Caetano, tentar esclarecer é dar murro em ponta de pedra.
Ainda recentemente, sugeri ao pessoal da Prefeitura a mudança do nome da Praça Ermelino Matarazzo (filho do conde) para Pátio de São Bento, pois aquele é o que resta do antigo pátio da Fazenda de São Caetano, uma área que existe desde o século XVII. A primeira resistência foi a de que isso afetaria os proprietários, que teriam que averbar em cartório a mudança do nome. Isso envolve despesa. Na verdade só há um proprietário que teria de fazer a mudança. A praça vai ser alargada com a incorporação de parte do terreno que foi da fábrica de louça dos Matarazzo. Tudo difícil.
Tudo difícil, nós concordamos com José de Souza Martins. Sendo assim, vamos ao artigo exclusivo, especial para Memória. O professor conta lindas histórias.
Dividimos em duas partes. Segue a primeira – que torna a II Semana São Caetano 2019 mais rica.
AMANHÃ EM MEMÓRIA
A visita que acendeu no imaginário do menino Martins o interesse pela verdadeira história.
Pão com banana
Texto: José de Souza Martins
Vendo aquela foto da carroça puxada a burros, tirada do lado de dentro do portão da Fábrica de Louças Adelina, na Rua Pernambuco (esquina da Rua Antonio Prado), não posso deixar de dizer-lhe que, do lado de fora, no ano de 1950, recém-chegado da roça tendo recém-terminado o curso primário no Grupo Escolar Pedro Taques, em Guaianases, era lá que eu vendia bananas. Meu primeiro trabalho.
Na hora do almoço, colocava meu carrinho de bananas, na frente da porta daquela fábrica, à beira da calçada, no fim da Rua Antonio Prado, que vinha da estação, à beira da linha do trem, e vendia um cacho inteiro de bananas, dez dúzias, a dois cruzeiros a dúzia. Meu lucro era de 100%, o que me punha na trilha de futuro Tio Patinhas do subúrbio. Eu poderia ter me tornado o rei das bananas, fruta que detesto. O que, afinal, felizmente, não aconteceu.
Naquela época, a maioria das fábricas de São Caetano não tinha refeitório nem cozinha. Mesmo uma fábrica grande como a de louças, dos Barros, Loureiro. Muitos trabalhadores levavam o almoço na marmita. Os daquela fábrica também. Mas muitos outros preferiam levar um filão de pão, cortado no meio, de comprido, no qual colocavam duas ou três bananas, vendidas por mim. Esse era o seu almoço, o famoso pão com banana. Diziam que Matarazzo ficara rico ao fazer economia com esse tipo de refeição, o que era lenda. Os operários sentavam-se por ali mesmo, na calçada, e almoçavam como se estivessem fazendo um piquenique.
Era o ano de 1950. Lembro disso porque um dia folhetos de divulgação do recenseamento da população, que seria realizado em setembro daquele ano, foram jogados da janela de um trem que passava e caíram sobre minhas bananas, justo na hora em que meu carrinho estava cercado de operários para comprá-las.
Diário há 30 anos
Sexta-feira, 11 de agosto de 1989 – ano 32, edição 7141
Manchete – Invasor resiste à PM com barricadas. Prefeitura de Diadema tenta reintegração de posse do Buraco do Gazuza, uma área de 150 mil m².
Santo André – Professores das Emeis completam uma semana de greve: prefeito Celso Daniel corta o ponto dos grevistas.
Diadema – Por 15 votos a cinco, a Câmara de Diadema rejeita o projeto de lei do vereador Manoel Boni (PT), que restringia a expansão e a instalação de novas indústrias.
Cultura & Lazer – Chitãozinho e Xororó, novo show no Restaurante São Judas.
Nota – São Judas. Pioneiro. Frango com polenta. Quantas saudades...
Em 11 de agosto de...
1929 – Paróquia de São Caetano realiza a Festa do Padroeiro, tendo como paraninfo o conde Alexandre Siciliano. Houve procissão, apresentação da Banda de Música da Força Pública do Estado, concerto pelo conjunto musical Violeiros do Sertão, espetáculo pirotécnico e sorteio de uma máquina de costura Singer e de um aparelho de rádio alto-falante Telefunken.
1969 – Mostra de pintores acadêmicos da Pinacoteca de São Paulo aberta no Centro Cívico de Santo André. Eram 31 trabalhos de nomes como Almeida Junior e Benedito Calixto.
Hoje
- Dia da Televisão
- Dia do Advogado
- Dia do Estudante
- Dia do Garçom
- Dia da Consciência Nacional
- Segundo domingo do mês, Dia dos Pais
Santos do dia
- Clara de Assis (Itália, 1194-1253). Proclamada pela Igreja como a padroeira da televisão.
Municípios brasileiros
Celebram aniversários em 11 de agosto:
- Em São Paulo, Pereira Barreto e Tatuí
- Em Goiás, Itapaci
- No Mato Grosso, Nova Bandeirantes
- No Rio Grande do Sul, Nova Prata
- No Piauí, Pedro II
Fonte: IBGE
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