Andrada é o único funcionário que segue na obra de S.Bernardo e quer brincar com netos na esplanada
Raimundo Maurício de Andrada tinha 50 anos quando, em dezembro de 2013, chegou para trabalhar naquela que era considerada a principal obra para acabar com as constantes enchentes na região central de São Bernardo. A estimativa era de três anos de atuação nas intervenções do Piscinão do Paço, construído onde antes existia a esplanada e estacionamento do núcleo da política municipal.
Mas a construção virou epopeia. Passou pela redução drástica de recursos federais, desligamento de colaboradores, paralisação dos serviços, auditoria, resultando na dilatação do prazo de abertura. Andrada, hoje com 56 anos, seguiu na lista de operários. E, a nove dias da entrega – marcada para dia 20, aniversário do município –, tem uma vontade: brincar com seus netos na renovada esplanada do Paço.
“Aqui eu já fiz de tudo. Hoje estou trabalhando mais com a questão de meio ambiente, mas faço de tudo. Desde trabalhar com o pessoal da ferramentaria, até lavar pneu dos caminhões”, relatou o trabalhador ao Diário. Ele é o único que está desde o início das obras.
Apesar de ter acumulado experiência para fazer de tudo um pouco no canteiro, foi a primeira vez que Andrada atuou em um projeto da construção civil. Antes disso, foi prensista em grandes montadoras da região. Após cinco anos e sete meses de trabalho no Piscinão do Paço, Andrada já entrou com pedido de aposentadoria. “O período que trabalhei aqui me ajudou a pedir aposentadoria, mas vou trabalhar mais, não vou parar não. Quero participar até da hora que cortar a fita de inauguração”, disse o morador do bairro Assunção.
Tatiane Ribeiro Campos, 33, é engenheira de segurança e vem de Guarulhos todos os dias para São Bernardo. Segundo a colaboradora, a viagem de quase duas horas é compensada pela grande conquista na carreira. “Foi o maior lugar em número de trabalhadores em que já atuei.” Mais do que a experiência profissional, Tatiane disse ter conquistado coisas ainda mais importantes, já que, nos quatro anos nas obras do piscinão, ela engravidou e teve dois filhos, Henrique, 3 anos, e Heloísa, 8 meses. “Vou guardar para sempre as memórias que fiz aqui.”
“É muito gratificante estar em um projeto deste. Algo que vai acabar sanando o problema das enchentes na cidade”, disse Paulo Henrique Simões, 29. Com experiências em obras do Metrô e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Simões crê que os cinco anos de aprendizado foram cruciais para seu histórico profissional.
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), declarou que a conclusão da obra traz “sentimento de dever cumprido”. “Eu tenho convicção de que a população olhava: ‘Poxa, uma obra que está do lado do gabinete do prefeito não termina, consequentemente as outras também não’. Nós arrumamos o recurso para a contrapartida e estamos entregando a maior obra de drenagem do Centro de sua história.”
Segundo a Prefeitura, foram utilizados 2,5 milhões de kg de aço e 29 mil metros quadrados de concreto. A intervenção chegou a registrar 1.031 funcionários diretos. “Hoje, na reta final, são 199 colaboradores ativos”. O orçamento total da obra é de R$ 353 milhões.
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