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Soldado se recusa a voltar ao Iraque e vai à Corte Marcial
Da AFP
19/05/2004 | 21:20
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O soldado nicaragüense Camilo Mejía, 28 anos, enfrenta a partir desta semana uma Corte Marcial nos Estados Unidos por se recusar a retornar ao Iraque após uma licença. Ele declara ter consciência de que esta é uma “guerra injusta” em que existe “gente inocente” morrendo.

Filho do cantor e compositor sandinista Carlos Mejía Godoy, o soldado será julgado por deserção. Após uma licença de duas semanas nos Estados Unidos em outubro de 2003, ele se recusou a retornar ao Iraque, onde esteve desde março do mesmo ano.

Mejía será julgado pela Corte Marcial de Fort Stewart, da Geórgia, integrada por um juiz militar e um júri de soldados e oficiais, regida pelo Código de Justiça Militar. Se for declarado culpado, pode ser condenado a um ano de prisão, rebaixado e excluído do Exército por má conduta.

Segundo informações da co-fundadora da organização pacifista Code Pink, Gael Murphy, o advogado de Mejía alegou que ele foi enviado ilegalmente para o Iraque. Ele teria argumentado que, como seu cliente tem as nacionalidades nicaragüense e costa-riquenha, o envio militar de cidadãos não-americanos estaria proibido, de acordo com um tratado internacional entre EUA e Costa Rica.

Residente legal dos Estados Unidos há dez anos, o soldado é pai de uma menina de quatro anos e se alistou no Exército pouco depois de sua chegada ao país. Instalado durante três anos em Fort Hood (Sul do Texas), ele foi transferido em 1998 para base da Guarda Nacional da Flórida em Miami.

Ele contou sua versão da história na véspera do julgamento: “vim e decidi não voltar (para o Iraque), porque questiono a legalidade constitucional e internacional da guerra e porque me sentia oposto moralmente às coisas que vi como soldado".

Em conversa por telefone, Mejía admitiu ainda ter visto presos sendo maltratados desde "maio de 2003", apenas um mês depois da queda de Bagdá nas mãos das tropas americanas. "No início de maio, fomos a um campo de prisioneiros e lá (...) constatamos que os soldados não deixavam os prisioneiros dormirem por muitas horas", lembrou o militar, que identificou o local dos fatos como Al Assad. "Além disso, havia maus-tratos psicológicos, os prisioneiros eram ameaçados de morte o tempo todo; falava-se com eles aos gritos, xingando-os", acrescentou.

Alguns chefes e colegas de Armas o consideram um desertor. O major Bob Quinney, da Guarda Nacional da Flórida, onde o soldado serviu, diz que há "uma razão pela qual vestimos o uniforme militar". "Estamos aqui para servir ao nosso país em tempos de guerra ou de desastres naturais", afirmou o major ao jornal The Miami Herald.




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