Lagos que foram soterrados para dar lugar a praças e ruas; antigos casarões que deixaram de existir para que prédios fossem construídos; passagens de nível de estações ferroviárias fechadas; a poluição visual contemporânea, que tampa o horizonte; e as alterações nas roupas e comportamento das pessoas. As mudanças aconteceram em todas as faces da atividade urbana.
Para a dona de casa Joana Zago, 70 anos, moradora de Mauá, o desenvolvimento dos últimos 50 anos foi bom para a cidade, mas a falta de segurança mudou o comportamento dos moradores. “Antigamente, as pessoas conversavam na rua até tarde da noite e hoje ficamos presos em casa, enquanto os ladrões estão soltos. Mas Mauá mudou para melhor. Ia trabalhar a pé porque a única locomoção era carroça e a cidade era um matagal só, e agora as ruas são todas pavimentadas, tudo ficou muito bonito.”
A construção ou duplicação de grandes avenidas, como a avenida Goiás, em São Caetano; a via Perimetral em Santo André (tema de reportagem do Diário pelos seus 30 anos de existência no domingo passado); avenida Barão de Mauá, em Mauá: mudaram completamente as imagens visualizadas antigamente e hoje.
“A mudança de São Bernardo nos últimos tempos é espantosa. Toda essa transformação é fruto do processo de industrialização pelo qual passou o Grande ABC, que agora se move para outra direção, com alta taxa de desemprego e trânsito complicado, entre outros problemas. E isso influi demais na imagem que temos hoje da cidade se compararmos como eram esses locais antigamente”, disse o memorialista e fotógrafo Beltran Asêncio.
O aumento da população é ponto essencial na mudança das características das cidades. Os municípios da região, que antes tinham grandes sítios com poucas residências, hoje têm o metro quadrado supervalorizado pela escassez de terrenos livres. Com exceção de alguns trechos que ainda preservam ares rurais, principalmente em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o Grande ABC se urbanizou.
“A passagem de nível da estação ferroviária, que antes era palco de procissões e desfiles, hoje vive cheia de mendigos e de barracas de camelôs. As mudanças feitas, principalmente nos últimos anos, deixaram a cidade bonita, mas Ribeirão cresceu e já não conhecemos a maioria das pessoas que moram aqui, coisa que era normal há 30 anos”, afirmou o memorialista Walter Gallo.
A migração de mineiros e nordestinos para Diadema mudou muito a característica do município, segundo o memorialista Walter Adão Carreiro. “A principal mudança urbanística em Diadema aconteceu na avenida Antonio Piranga, que quase não tinha casas na década de 60; a praça Castelo Branco era bonita e ainda é, mas precisa ser melhor preservada. Não temos uma mudança drástica em Diadema, mas a mistura dos migrantes que vieram para cá transformaram a característica da população; essa vinda das pessoas, porém, gerou um crescimento desordenado na cidade.”
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