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Celular ao volante rende 53 multas por dia no Grande ABC

Apesar de queda nas autuações entre 2017 e 2018, especialista alerta para o fato de imprudência ampliar chances de acidentes

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
15/07/2019 | 08:44
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Pixabay


O aparelho celular foi responsável pela aplicação de pelo menos 53 multas por dia no Grande ABC em 2018. Embora o número seja 8,36% menor do que o observado um ano antes – a quantidade de infrações do tipo passou de 21.405 para 19.616 no período –, especialistas alertam para os riscos de práticas simples ainda realizadas pelos motoristas do Grande ABC, como atender, conferir mensagens, digitar ou até mesmo segurar o objeto de telecomunicação enquanto dirige, mesmo que o veículo esteja parado em engarrafamentos ou semáforos.

As informações correspondem às infrações aplicadas pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo) nas sete cidades por meio do Programa Direção Segura e em fiscalizações de rotina feitas pela Polícia Militar no perímetro urbano, bem como às multas computadas pelas prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano entre 2017 e 2018. Os demais municípios do Grande ABC não forneceram os dados até o fechamento desta edição.

O cenário, conforme especialistas, é reflexo da importância do telefone móvel na sociedade, além de evidenciar a ineficácia das mudanças realizadas no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), em novembro de 2016, quando passou a ser gravíssima a multa para o motorista que manuseia o celular enquanto dirige – multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira de habilitação.

Para o professor de Engenharia do Centro Universitário da FEI, Creso Peixoto, a variação negativa das infrações aplicadas no Grande ABC pode estar associada ao “esfriamento da economia”, com um possível menor uso dos veículos de passeio no período analisado. “No geral, observamos uma manutenção destes atos indevidos, que até parecem inocentes, mas são de altíssima periculosidade.”

Estudo da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) aponta que o uso do celular enquanto dirige é a terceira maior causa de mortes no trânsito no País, vitimando cerca de 150 motoristas por dia e 54 mil anualmente. A explicação está na falta de atenção que a atitude causa nas pessoas, independentemente do aplicativo escolhido pelo condutor do carro. “Estimamos um tempo de dois segundos e meio sem reação quando se olha para o aparelho. Lembrando, se estivermos a 80 km/h, corresponde a meio quarteirão de distância, o que é muita coisa”, considera Peixoto.

Segundo o Detran-SP, o uso do celular aumenta em cerca de 400% as chances de o motorista se envolver em acidentes de trânsito – o percentual é comparável ao perigo de dirigir sob o efeito de álcool. O órgão estadual afirma promover ações de conscientização sobre o tema. Para isso, possui convênios com os municípios para ações de educação para o trânsito e melhorias na infraestrutura das cidades. Atualmente, quatro municípios da região (Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá) possuem convênio com o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito – investimento de R$ 6,9 milhões. 

Um em cada cinco brasileiros assume uso enquanto dirige

Dados do Ministério da Saúde revelaram que 19,3% da população das capitais brasileiras usam o celular enquanto dirigem. Isso significa que, de cada cinco pessoas, uma afirmou que comete esse ato. A informação é do Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) de 2018. O ministério alerta, ainda, que os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes externas no País.

A pesquisa também mostrou que as pessoas com idades entre 25 e 34 anos (25%) e com maior escolaridade (26,1%), com 12 anos de estudo ou mais, são as que mais assumem esse comportamento de risco. Os motoristas com nível superior também são os que mais recebem multas por excesso de velocidade e que associam o consumo de bebida alcoólica e direção.

O Vigitel é uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde que, desde 2006, monitora diversos fatores de risco e proteção relacionados à saúde, incluindo a temática de trânsito nas capitais dos 26 Estados e no Distrito Federal. Nesta edição, foram entrevistadas por telefone 52.395 pessoas, maiores de 18 anos, entre fevereiro e dezembro de 2018.

Além do uso do celular associado à direção, a pesquisa abordou também outros três importantes indicadores para a ocorrência de acidentes de trânsito: consumo abusivo de álcool, consumo de álcool em qualquer dose e multa por excesso de velocidade. 




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