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Vida nova para tesouros antigos
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC, com AJB
15/01/2004 | 00:12
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A lista é longa e eclética. O World Monuments Watch (WMW), entidade norte-americana criada em 1996 para zelar pela preservação de patrimônios históricos, artísticos e culturais ameaçados de deterioração em todo o mundo, divulgou recentemente uma série de 100 monumentos sob o manto da restauração. Um acerto de contas com a história e, sobretudo, com a humanidade, redenção de vilipêndios que escreveram páginas e páginas de devastação e horror.

A variada seleção, da qual o Brasil comparece com duas preciosidades – a Missão de São Nicolau, no Rio Grande do Sul, e o Convento de São Francisco, em Olinda, fundado em 1585 –, é um tremendo combustível para o turismo, embalado pela centena de tesouros ressuscitados nos cinco continentes. O mais antigo monumento da lista são os petroglifos (desenhos em rocha) do arquipélago de Dampier, na Austrália, feitos por aborígenes há mais de 8 mil anos a.C.; e o mais novo é o aeroporto de Helsinki-Malmi, na Finlândia.

Das relíquias brasileiras que integram o clã mundial, o Convento de São Francisco chama a atenção pela sua importância histórica e arquitetônica. Primeiro da Ordem dos Frades Menores Franciscanos no Brasil, o convento integra um conjunto arquitetônico formado também pela Igreja de Nossa Senhora das Neves e a Capela de São Roque.

O claustro guarda relíquias como azulejos que contam a vida de São Francisco; e no corredor da sacristia estão os painéis de azulejos profanos que narram fatos do dia-a-dia. A sacristia, aliás, apresenta um impressionante acervo de móveis, todos em jacarandá, com destaque para o enorme arcaz onde as roupas e objetos da missa são guardados.

Impressiona, também, a pequena Capela de São Roque, toda em estilo barroco. No altar está uma imagem de São Roque esculpida em madeira, que data da inauguração da ordem. Faz parte também do acervo o cruzeiro em arrecifes situado no centro do pátio de entrada da igreja.

Igualmente uma preciosidade histórica, a região dos Sete Povos das Missões guarda algumas das relíquias arquitetônicas mais importantes da América do Sul. Dos diversos monumentos que compõem suas ruínas, três aparecem na última de 2003 do WMF (World Monuments Fund), fundo de doações da entidade norte-americana: a redução de São Nicolau, situada em terras gaúchas; a de São Inácio, na Argentina; e a da Santíssima Trindade de Paraná, no Paraguai.

Entre os séculos XVII e XVIII, os jesuítas, em sua maioria espanhóis da Companhia de Jesus, fundaram uma comunidade auto-sustentável que chegou a abrigar mais de 100 mil índios guaranis. Com o tratado de Madri (1750), as terras que abrigavam as missões foram divididas entre Portugal e Espanha. Resultado: as Missões acabaram totalmente destruídas e os índios, dizimados.

A de São Nicolau data de 1626. Atualmente, sobrevivem apenas ruínas que, no entanto, guardam a beleza e a estrutura bem organizada idealizada pelos jesuítas das Missões.

Na parte brasileira da região, não deixe de conhecer também a redução de São Miguel, a mais bem conservada, e o Museu das Missões, projetado por Lúcio Costa e que abriga relíquias como esculturas, artesanato e diversos objetos feitos pelos índios guaranis, incluindo uma bela imagem de São Nicolau.

A lista completa dos 100 monumentos contemplados com verbas do WMF em 2003 pode ser acessada na Internet, pelo site www.wmf.org.




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