Cultura & Lazer Titulo Rio de Janeiro
Ao som de ‘Chega de Saudade’, João Gilberto é velado no Municipal

Músico, que tinha 88 anos, foi enterrado no cemitério Parque da Colina, em Niterói

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
09/07/2019 | 09:48
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Arquivo/Agência Brasil


Ela não poderia faltar. A canção Chega de Saudade, imortalizada na voz de João Gilberto, foi a trilha que emocionou a todos os presentes entoada em uníssono, no velório do músico, que foi realizado ontem, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O enterro, sob forte comoção, foi no fim da tarde no cemitério Parque da Colina, em Niterói.

O criador da bossa nova morreu em casa, na tarde de sábado, aos 88 anos. A causa da morte não foi divulgada, mas ele estava debilitado há tempos. Ele estava acompanhado da companheira, Maria do Céu Harris, e de uma cuidadora.

Uma das primeiras pessoas a chegar na cerimônia de despedida foi a atriz Glória Pires. Por volta das 9h30, a viúva do músico, Maria do Céu, também entrou no Municipal. Bebel Gilberto, filha do músico com Miúcha (1937-2018), chegou por volta de 11h50 e foi amparada por amigos. Luisa Carolina, a filha mais nova de João Gilberto, também esteve no velório do pai junto com a mãe, a jornalista Claudia Faissol. Somente às 10h o velório foi aberto ao público.

A cantora Adriana Calcanhoto ficou cerca de uma hora no Municipal. “Ele nos ensinou tanto sobre rigor e respeito pelo nosso talento. Tão cuidadoso, talentoso e nos deixou Bebel. É só agradecer o João por tudo que ele nos deixa. Tem muitos artistas da música e também não de música que são influenciados por João até sem saber que são”, disse. “Meu pai adorava o João. Começou a bossa nova com ele, era fã do João”, completou Paulo Jobim, filho de Tom Jobim, que também esteve na despedida. Uma das inúmeras coroas que estavam no espaço era da cantora Rita Lee, com os dizeres ‘homenagem ao mestre dos mestres’.

TRAJETÓRIA
O Rio que se despediu de João ontem fervia na segunda metade dos anos 1950. O cantor baiano fez da cidade sua morada, aos 26 anos, em 1957.

Era julho de 1958 quando Elizeth Cardoso apareceu com o disco Canção do Amor Demais, com músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Ao violão, em duas das faixas, Chega de Saudade e Outra Vez, estava João Gilberto. Era só a ponta da cabeça de um baiano que se revelaria por inteiro um mês depois. Em agosto, João, já uma aposta de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Aloysio de Oliveira, grava seu próprio 78 rotações com Chega de Saudade e Bim Bom, pela Odeon. E assim fez-se a bossa nova, gênero do qual se virou pai e o tornou imortal, não só no Brasil, mas também para o mundo.




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